Uma dezena de empresários do ramo das novas tecnologias da informação e da comunicação formalizou, na última segunda-feira, um acordo para a instalação das suas firmas no Parkurbis – Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã. A comitiva, vinda de Blumenau, assinou a escritura de constituição do Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) que, através de um representante português, irá colocar em prática toda a estratégia definida por cada uma das firmas, que, no total, vão disponibilizar cerca de 40 produtos para o mercado nacional.
Esta é uma ligação «muito importante pelo seu carácter inovador e também porque se trata de um grupo de empresas de grande solidez, credibilidade e prestígio», considera Carlos Pinto. Por outro lado, poderão constituir-se como «um impulso» para que o Parkurbis possa encontrar «uma nova fase do seu desenvolvimento», realçou numa cerimónia iniciada, simbolicamente, com os hinos dos dois países. O autarca da Covilhã deixa aberta a porta para que, no futuro, mais empresas brasileiras se possam instalar na cidade, até porque este é «um processo dinâmico» e, «se tudo correr bem, estou convencido que poderemos entusiasmar outras para virem instalar-se aqui», sublinhou. Aos empresários, assegurou que «há uma oportunidade na Covilhã e também em Portugal. Não hesitem em olhar para o mercado português, ibérico e europeu como capaz de responder aos vossos anseios». Em relação aos postos de trabalho a criar, Carlos Pinto ressalva que se trata de sectores em que a «mão de obra não é intensiva», enaltecendo antes «o capital e a inteligência intensiva» que as empresas brasileiras garantem. Por outro lado, «o que devemos olhar aqui é a aquisição de mercado», sendo que o edil espera que «gente com qualificações da nossa Universidade seja envolvida nestas empresas» num futuro próximo.
Apesar de não trabalharem com mão de obra intensiva, Enio Lindner, representante dos empresários brasileiros, frisou que praticamente todas as empresas presentes na Covilhã pretendem encontrar parceiros locais, até porque, ao «actuarmos directamente num mercado que não conhecemos, a possibilidade de dar errado é muito maior», disse. Nesse sentido, «a forma mais inteligente é procurar aliados que conheçam o mercado e que possam crescer junto connosco», acrescentou, afirmando que Portugal é visto como «a porta de entrada mais adequada para o mercado europeu», pela facilidade da língua. «Percebemos aqui uma série de oportunidades de negócios em termos de tecnologias e produtos que temos disponíveis e acreditamos também no mercado ibérico como um todo», reforçou. Já Carlos Eduardo Bizzotto, director do Parque Tecnológico de Blumenau, salientou que a vinda destas 10 empresas para a Covilhã aumenta «a atractividade da região». Deste modo, «ao atrair a atenção de outras empresas interessadas em tecnologia, gera-se um efeito cadeia, em cascata, que pode transformar a Covilhã num centro de tecnologia reconhecido mundialmente», sublinhou, elogiando a «acção integrada» entre governos, empresas e universidades dos dois lados do Atlântico.
Por sua vez, João Paulo Kleinubing, prefeito de Blumenau, cidade geminada com a Covilhã, lembrou que nenhuma destas 10 empresas «concorrem entre si, actuando em diversas áreas da informática», sendo que têm à volta de 10 mil clientes no Brasil, gerando centenas de empregos directos. O responsável disse ainda que a Covilhã tem sido «a nossa porta de entrada, a nossa casa fora de casa. É onde queremos estar presentes para olhar para o mercado ibérico e europeu sem nos sentirmos estrangeiros», completou. As boas relações entre Covilhã e Blumenau não terminam na vertente empresarial, pois está a ser elaborado um acordo que prevê o intercâmbio de alunos das universidades das duas cidades. «As Câmaras garantem o alojamento e os estudantes o transporte», explicou Carlos Pinto.
Ricardo Cordeiro