Somos nós, queremos ser nós, facilmente nos potenciamos a partir do conhecimento próprio, do respeito por nós próprios.
Mais. Não somos, não queremos, não podemos, não nos interessa sermos outros. Ou seja: nem contem com a nossa adesão a modas, nem a projectos muito badalados, mas manifestamente carentes de aprofundamento. “Devagar que temos pressa”.
A nossa identidade é sagrada e ela – e só ela – é conteúdo, garantia de porvir.
Ajoelhar para rezar é ser, estar mais alto. Chocante num mundo dominado pelo hedonismo? – Tanto pior para este. Mais tempo levará a aprender.
Diz-nos mais (sem no-lo dizer, claro): venho de uma distinta família – basta lembrar o Sacadura Cabral por parte da senhora sua mãe – e a política nem é uma forma de me tirar do anonimato, nem de me servir. A melhor forma de receber é dar. Sou rico interiormente, nos antípodas do miserável.
Num País pouco dado a reflectir, em que, de tão cerrado sub-desenvolvimento cultural poucos opinantes emergem, Portas tinha que ser mal interpretado.
Como sucede com todos os grandes, isso não foi, para ele, motivo de desfalecimento. Estava suficientemente possuído de paz interior, isto é, de saber de si, dos outros, da Sociedade, da História, do Imanente e do Transcendente, que nada mais lhe restava que continuar. Não se desviar da sua rota nem por um milímetro que fosse.
E como é sempre a certeza que domina os grandes e “a verdade, como o azeite, vem sempre ao de cima” – contra factos não há argumentos –, daqui, necessariamente, resultaria o seu reconhecimento. Aliás, a viragem já começou.
Alguém que pôde viver e reflectir sobre a vesânia da esquerda logo após o 25 de Abril, tinha petrechos mais que suficientes para saber que atitude mais sólida não havia. Não importa estarmos sós perante todos os restantes. Desde que não o estejamos perante nós mesmos é só prosseguir. Errámos? Com a devida humildade corrigiremos a trajectória.
Para quem lê diariamente um jornal e se sente absolutamente inseparável da sua comunidade basta recordar – sem outros eloquentes exemplos – o que foi a sua acção nos estaleiros navais de Viana de Castelo. Não é nenhum exagero usar a palavra “emocionante”.
E para quem se orgulha de, entre os seus numerosos e multímodos amigos, contar com gente de protagonismo de topo, convém recordar o que, há tempos – e agora mesmo por telefone – me dizia/ disse um General-Herói (que não menciono): “Portas na Defesa é excelente. De longe foi o melhor Ministro da Defesa desde o 25 de Abril”.
O narcisismo da Universidade portuguesa é óbvio e uma terrível dimensão de tal é que, cada vez mais, os licenciados são ignorantes, boçais e…petulantes. “Deveria-se” ou “hádem” – este “proclamado” na solenidade da Assembleia da República – já não causam estranheza a ninguém que saiba do que “a casa gasta”.
Pois esta instituição já compreendeu que há que voltar a atenção para outros ângulos, que o Real é sempre mais amplo que todas as suas conjecturas, que existe algo inamovível – a Tradição. Aliás, devidamente compreendida, só ela é penhor de progresso.
Ter fé em si, organizar devidamente o tempo, trabalhar sem quaisquer desfalecimentos, eis ainda o que Portas nos diz ser a Riqueza.
Uma sociedade justa promana da Espiritualidade, da estreme consciência cívica de cada um para se doar e doar, não de socialismos que já provaram o que são. Na URSS com o esbarrondamento absoluto, no “Estado de bem-estar” com taras como as suecas (alcoolismo, marginalidade, solidão, suicídio, paganismo…), ou uma perda de competitividade que deixa a “UE” menorizada frente aos EEUU.
Deus continue a iluminar Portas, em longa Vida.
Guarda 17- I – 05
Por: J. A. Alves Ambrósio