Numa conversa casual, alguém referiu que a sua filha em idade escolar, que adorava inglês quando a professora interagia pessoalmente com ela e os seus colegas, se encontra actualmente muito desmotivada porque a sua professora se viu obrigada a leccionar a disciplina à luz das novas tecnologias de informação e comunicação. Por outras palavras, o malfadado Cag…, perdão, Magalhães, está a ser “sugerido” aos professores e aos alunos, transferindo-se, desta forma, a telescola para a sala de aula. Ganha-se em interactividade aluno-máquina, mas perde-se o essencial que são, as relações humanas, a identificação com o professor, a aprendizagem por modulação. Vamos passar a ter alunos, em ambiente de sala de aula, a olhar para monitores de computadores o tempo todo. Vergonhoso! O que este Ministério da Educação está a fazer faz parte de um plano maior para estupidificar a sociedade. Começou por desacreditar e desmotivar os professores, com a mais sinistra de todas as ministras, responsável pela maior vaga de reformas antecipadas na função pública, e agora prepara-se para embrutecer, com o beneplácito do engenheiro e de uma forma “hi-tech”, os alunos, com um aparelho cuja função deveria ser a de auxiliar as aprendizagens e não a de tomar conta da sala de aula, como alguns iluminados já começaram a sugerir que fosse feito.
O Magalhães, que de português só tem o nome, revelou-se um excelente negócio para uma empresa do Norte. Por que diabo é esta a única empresa autorizada a fabricar, perdão, a montar estes aparelhos? Não haverá mais nenhuma empresa em Portugal capaz de fazê-lo? Parece-me estranho este monopólio.
E os painéis solares? Outro desígnio nacional de Sócrates. “Tem que ser pá, tens que ter uns painéis solares pá, vá lá pá, por favor compra lá os painéis. Aproveita as benesses que o governo te dá pá! Olha o aquecimento global pá. Vá lá!”
Segundo o senhor engenheiro é uma oportunidade única, mas para quem? Unicamente para duas das maiores empresas do ramo, que conseguem cumprir todas as normas exigidas pelo governo para comercializar este produto nas condições por ele impostas, excluindo, de imediato, dezenas de pequenas e médias empresas do ramo das renováveis, que protestaram com toda a razão.
As “missões” Magalhães e Painel Solar tornaram-se, para Sócrates, imperativos nacionais. Parece-me ridículo e ultrajante que, atendendo à conjuntura, com tanta gente desempregada e/ou sem dinheiro, a passar fome e com outras necessidade básicas por satisfazer, venha este senhor com a sua habitual cantiguinha fazer propaganda a estes produtos.
O Artigo 5º da Lei 64/93 de 26 de Agosto, referente ao Regime Jurídico de Incompatibilidades e Impedimentos dos Titulares de Cargos Políticos e Altos Cargos Públicos, que diz o seguinte no seu ponto um: “Os titulares de órgãos de soberania e titulares de cargos políticos não podem exercer, pelo período de três anos contado da data de cessação das respectivas funções, cargos em empresas privadas que prossigam actividades no sector por eles directamente tutelado, desde que, no período do respectivo mandato, tenham sido objecto de operações de privatização ou tenham beneficiado de incentivos financeiros ou de sistemas de incentivos e benefícios fiscais de natureza contratual.” Tradução: Passado o período de nojo, de três anos, e dentro do estrito respeito pela lei, poderemos vir a ter alguém nosso conhecido a presidir aos destinos de alguma das empresas que andaram na berra três anos antes. Fiat lux!!!
Três exemplos, actualissimos, deste regabofe pós-triénio, sem tacho são os que se seguem: Ferreira do Amaral, ex-ministro das obras públicas, actual Presidente da Lusoponte; Jorge Coelho, ex-ministro do Equipamento Social, actual presidente executivo da Mota Engil; Joaquim Pina Moura, antigo ministro da Economia e das Finanças, actual administrador da Media Capital, em acumulação com a presidência da Iberdrola.
Conclusão: Leis feitas por políticos, permitindo-lhes a curto prazo vir a beneficiá-los, não passam de manobras legais que promovem o chico-espertismo, deixando algum povo, consciente dos factos, pregado à relva, vendo mais um político driblá-lo para chegar ao El Dorado, num fim de carreira que começou a lamber botas, a colar cartazes e a abdicar de princípios fundamentais e de convicções. Portugal tem os políticos que merece!
Por: José Carlos Lopes