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Porque será?…

Reflectindo sobre o debate do passado dia 6 de Fevereiro, somos tentados a pensar que existem muitas divergências em matérias onde a palavra de ordem deveria ser o consenso no que concerne a uma integração de cariz regional. Não pode ser um responsável do poder central que, sorridente, nos vem dizer que as decisões estão tomadas e quem não aderir a uma das soluções preconizadas, no contexto duma regionalização encapotada, fica condenado ao ostracismo.

(…) Na Guarda, já ninguém acredita na recuperação dos atrasos resultantes da estagnação de três décadas. Não obstante ser esta uma capital de distrito, nem por isso deixou o poder central de levar de cá quase todos os centros de decisão relacionados com a actual estrutura administrativa do território, cedendo tais serviços a Castelo Branco e Viseu, que continuam a capitalizar vantagens. É por isso que os guardenses – fartos de ser gozados pelos seus eleitos – continuarão a afastar-se dos actos de cidadania de onde têm saído altamente prejudicados.

(…) há quem defenda que as condições se alteraram face às novas vias de comunicação, hoje mais facilitadas no sentido Sul/Norte, ao mesmo tempo que defende a liquidação dos distritos porque na cidade a que preside não existe este tipo de estrutura política descentralizada. É fácil abdicar daquilo que não temos, quando também dá jeito procurar uma nova centralidade no panorama regional (…). No território continental, desde que me conheço, existiram apenas onze regiões (…) que, além dos arquipélagos, ora autónomos, e das províncias ultramarinas hoje independentes, faziam parte do todo nacional. Os políticos são, por norma, pessoas ambiciosas e audazes. Ninguém esperaria que o presidente da Câmara de Viseu, (…), tenha procurado abordar os parceiros presentes, para, em conjunto, criarem a tal região de dimensões próximas do meio milhão de habitantes, residentes entre a Gardunha/Norte e o Douro/Sul. Não existe também na atitude dele uma preocupação no que concerne à centralidade? A opção pelas áreas metropolitanas parece tê-lo deslumbrado, mas que se cuidem aqueles que vierem a integrá-la, porquanto a visão redutora que deixa revela excesso de ambição quando diz querer ser o “coração do país”. Face a estas declarações, o que serão as zonas periféricas, como as cidades do sopé da Estrela? Vasos capilares do sistema?

Porque a riqueza duma região passa necessariamente pela quantidade e qualidade das pessoas que nela se fixam, é necessário criar condições para que muitas se transfiram dos lugares para onde emigraram ou imigraram por falta de condições nas suas terras de origem. (…) Foram melhoradas as taxas fiscais do IRC, mas as empresas precisam de mão-de-obra qualificada ou não, conforme os casos, e ela é escassa ou não existe mesmo. Daí que a única forma de fixar pessoas no interior do país passe por apoiar eventuais custos da respectiva transferência, ao mesmo tempo que se devem melhorar as taxas de IRS a todos aqueles que, face ao isolamento e ao clima continental (…), se vêem confrontados com gastos adicionais para aquecimento e ou arrefecimento das respectivas habitações.

Santos Moura, Guarda

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