Arquivo

Pôr um fim

Crónica Política

O quadro político revela quão imperativamente nos desgoverna, não é inocente a reação do Passos ao chumbo de medidas do Orçamento do Estado pelo Tribunal Constitucional (TC) com uma trágica montagem, desta feita importa relembrar o passado, tanto mais a ridícula intervenção do deputado presidente do grupo parlamentar do PSD que, de forma acintosa, afirmou o necessário desaparecimento do TC. Recordemos os anos 80 quando acabaram com o CR (Conselho da Revolução), mais uma vez teve a mão do PS.

A tragicomédia da troika nacional reproduz esta trágica situação do país. O folhetim de ataque aos trabalhadores tem tido um percurso, sustentado pelos comentadores que enfatizam “o(s) buraco(s)”. Seguidamente vem uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros após a decisão do TC, como se de uma catástrofe de imprevisíveis consequências se tratasse – estremeçam que vem aí a Constituição de Abril! Ainda não engoliram o sapo da REVOLUÇÃO DOS CRAVOS.

Concluída a reunião, foi a corrida para o Presidente da República, o responsável mor pela destruição do tecido produtivo em troca dos fundos europeus. Claro está que há a novela SLN/BPN continua por explicar, neste sentido, a melhor dose um pastel de Belém, o tal em que o outro afirmou que seria um bom embaixador das exportações, afinal já não têm os estivadores por perto e não há perigo de serem perecíveis a uma greve. Mais, a mixórdia das opções ideológicas mantêm-se na teia São Bento-Belém.

O desenlace veio a terreno, o PR e o PM são coniventes no atropelo à CRP (Constituição da República Portuguesa). Perante os ataques do PM ao TC, transformando-o em inimigo público número um, responsabilizando-o pelas «consequências muito sérias» de ter declarado inconstitucionais medidas no valor de 1.300 milhões de euros; a garantia de não aumentar os impostos é mais uma falácia.

Mais uma vez exalta a matriz ideológica de ataque às funções sociais do Estado, estas bem patentes nos continuados cortes na saúde, segurança social, educação e empresas públicas. O corte vai muito além dos 4.000 milhões de euros e a gravidade é não por em causa o pacto de agressão, que contém as medidas que provocaram um DESVIO COLOSSAL de mais de 3.000 milhões de euros na receita fiscal e um continuado empobrecimento da população.

A receita é bolorenta, numa palavra, o que sempre quiseram fazer mesmo que tenha tido recuos estratégicos face à luta de massas.

Terminada a farsa política, avançam para o espaço da comunicação social, esta detida pelo capital e controlado pelo poder. A debilidade da democracia participativa foi contagiada pelos pseudo comentadores, pagos a peso de ouro. Seria mais justo um espaço plural, onde de forma militante todos esbatessem os seus pontos de vista. Pelo contrário, a estratégia parece que também pega pela nossa praça.

Esquecem a fundamental discussão dos princípios e alvitram as figuras, umas chamadas de proa, outras emergentes. Salvo erro, ainda não assisti ao debate em torno dos cortes nas rendas excessivas, nas Parcerias Público-Privadas, sejam elas rodoviárias, na saúde ou outras e coisas afim.

Não querem beliscar o capital, pois os interesses são vastos. Não vamos lá com jantares de aconchego em momentos de necessária luta para a mudança de políticas e de governo. Esta constrói-se todos os dias, com o singelo contributo de cada um de nós.

Por: Honorato Robalo

* Dirigente da Direção da Organização Regional do PCP da Guarda

Sobre o autor

Leave a Reply