Arquivo

População desespera por novo Centro de Saúde

Edifício está pronto há mais de um ano, mas continua «inexplicavelmente» fechado

As acções de protesto sucedem-se em Gouveia, mas não há forma do novíssimo Centro de Saúde, concluído há um ano, entrar em funcionamento. «Já é tempo de abrir e é lamentável que ninguém saiba nada relativamente a isso», considera Maria Emília Manta, porta-voz da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos de Saúde do Concelho. No último sábado, cerca de uma centena de populares voltaram a manifestar-se simbolicamente pela abertura daquele equipamento.

Construído de raiz junto ao cruzamento das Amarantes, o Centro de Saúde custou mais de três milhões de euros, equipamento incluído, e devia substituir o denominado Hospital de Nossa Senhora da Piedade, a funcionar num edifício da Associação de Beneficência Popular de Gouveia que ali tenciona incrementar a sua oferta de serviços assistenciais e de saúde. «O actual Centro de Saúde começa a deteriorar-se, já não tem condições nenhumas e, agora, pouco pessoal. Enquanto isso, há um edifício novo pronto a inaugurar e ninguém sabe quando», lamenta. Maria Emília Manta sublinha que a situação é «uma afronta» aos gouveenses e receia que o edifício só seja inaugurado em ano de eleições. «Mas não quero acreditar nisso», acrescenta, adiantando que a Comissão vai continuar a trabalhar para que «as pessoas não adormeçam sobre este caso».

No entanto, também desconfia que esteja relacionado com o anunciado fecho do Serviço de Atendimento Permanente: «O que irá funcionar ali se encerrar o SAP e o internamento?», interroga, estranhando que um edifício «tão grande sirva só para as consultas». A porta-voz da Comissão de Utentes avisa ainda que se, assim for, há uma população maioritariamente idosa e sem meios de se deslocar para Seia que fica sem alternativas assistenciais durante a noite. «O problema é que também não sabemos se haverá transportes medicalizados para o hospital de Nossa Senhora da Assunção [para onde o Ministério da Saúde prevê um Serviço de Urgência Básica]», refere. O impasse foi recordado por Álvaro Amaro, presidente da Câmara, a Cavaco Silva durante a recente visita do Presidente da República à cidade. «Porque continua inexplicavelmente fechado», interrogou o autarca.

Em Abril, a Comissão de Utentes entregou à Governadora Civil da Guarda um abaixo-assinado com mais de cinco mil assinaturas contra o fecho do SAP. A moção apela ainda à mobilização dos gouveenses pela abertura «imediata» do novo Centro de Saúde, concluído desde Outubro de 2006, «com internamento e novas valências essenciais aos cuidados de saúde». De acordo com dados da Sub-Região de Saúde da Guarda, então divulgados, o SAP de Gouveia apresentava «uma das taxas mais elevadas do distrito» de frequência durante a noite, com mais de mil utentes por ano.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply