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Politécnicos de todo o país manifestaram-se na Guarda

Estudantes uniram-se no instituto «mais penalizado» a nível nacional com os cortes orçamentais

Cerca de 1.500 alunos de vários institutos politécnicos do país manifestaram-se na última quarta-feira na Guarda contra as políticas do Governo para o Ensino Superior. De Tomar, Bragança, Portalegre, Viana do Castelo, Leiria, Lamego, Viseu, Setúbal e Castelo Branco vieram capas e faixas pretas, carregadas de recados para o Poder Central, para se unirem às do Politécnico «mais penalizado a nível nacional com os cortes orçamentais». Assim o entende Miguel Coelho, presidente da Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAESP), justificando os motivos da realização desta manifestação na “cidade mais alta”. Após uma concentração no campus do IPG, os alunos rumaram até ao centro da cidade a par e passo com um veículo funerário ornamentado por uma urna, preparado para a ocasião, simbolizando «o enterro do ensino superior politécnico», explicou Nuno Silva, presidente da Associação de Estudantes do IPG (AEIPG). A “marcha fúnebre” terminou frente ao Governo Civil onde os “capas pretas” gritaram palavras de ordem contra o Executivo, o Primeiro Ministro e a nova ministra da Ciência e do Ensino Superior, enquanto uma delegação integrada pelos presidentes da FNAESP, AEIPG e outras associações foi recebida pelo Governador Civil, Joaquim Lacerda, a quem apresentou as razões do protesto. A «disparidade» da lei das propinas, os cortes na Acção Social e no financiamento, a redução do poder de decisão dos estudantes e as prescrições são as principais queixas dos estudantes do Superior, nomeadamente do Politécnico, os «mais penalizados».

«Ministério ladrão rouba educação», «Ensino sim, propinas não, esta ministra não tem educação» e «Durão Barroso és um mentiroso» foram algumas frases exclamadas pelos alunos, satisfeitos por Joaquim Lacerda levar as suas preocupações ao Poder Central. Todavia, Miguel Coelho entende que «o que é preciso é uma resposta concreta do Governo, que tem o poder para parar o actual processo legislativo para o Ensino Superior», pois «não estaremos satisfeitos enquanto não nos disserem que todo este processo parou», continuou. Porém, no entender do Governo Civil, os estudantes estão «demasiadamente» preocupados com a lei de financiamento quando esta «já está fora da agenda política», pelo que «deveriam pensar mais» na qualidade, no estatuto da carreira docente, no novo estatuto do aluno e «não discutir apenas e tão só o financiamento». António Mendes, adjunto de Lacerda, ainda falou dos contratos-programa que o Ministério da Ciência e do Ensino Superior irá assinar até ao final do próximo ano com as instituições do Superior, num investimento de 50 milhões de euros. Com um prazo máximo de cinco anos, esses contratos colmatarão os cortes no orçamento do sistema educativo e «corrigirão assimetrias de natureza regional, beneficiando as instituições de Ensino Superior do interior», diz Mendes. Sem grande fé nas palavras, os estudantes do politécnico voltaram ontem às ruas de Lisboa numa manifestação nacional. Resta agora fazer o balanço das actividades decorridas e a calendarização das próximas, porque «a luta continua», garantem.

Rita Lopes

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