A falta de manutenção do Parque Urbano do Rio Diz continua a dar que falar. Nas últimas semanas, vários utilizadores têm manifestado a sua indignação perante a falta de manutenção daquele equipamento na Guarda, inaugurado há pouco mais de meio ano. Um desagrado que já chego ao PolisGuarda, que se recusa «a recepcionar definitivamente a obra tal como está».
Em causa está, sobretudo, o tratamento dos espaços verdes. «Algumas árvores têm vindo a secar, as ervas daninhas proliferam pelo espaço e o manto verde de relva que ali deveria estar não cresce por falta de qualidade da terra», concretiza António Saraiva, director executivo do PolisGuarda. As manifestações de descontentamento têm chegado aos vigilantes e aos funcionários da Câmara que já ali se encontram, apesar da obra ainda não ter sido entregue à autarquia: «Não há reclamações formais dos utilizadores, mas um grande sentimento de desgosto pelo estado em que o espaço se encontra e também nós próprios estamos desagradados», sublinha. O arquitecto refere que as queixas avolumaram-se nos últimos dois meses, «uma vez que o tempo que se tem feito sentir é propício ao crescimento de ervas daninhas», explica.
O PolisGuarda já informou a construtora da falta de condições do parque, constatados pela empresa que tem fiscalizado a intervenção. Salvaguardada está a execução do projecto tal como previsto, uma vez que, à semelhança das obras privadas e dos edifícios, também este espaço é abrangido pela obrigatória garantia do empreiteiro, mesmo depois de pronto. Ainda assim, António Saraiva está desagradado com a situação. «A construtora tem-se refugiado em processos internos. Mas se vai receber o montante relativo à revisão de preço e a juros de mora, a obra tem que ser entregue como exigido no caderno de encargos. Uma coisa ou outra», avisa. Estas falhas atribuídas à construtora têm atrasado a entrega da obra à autarquia: «A obra só vai ser entregue depois de aceite. E nós não a aceitamos tal como está», reitera o director-executivo do Polis. O INTERIOR contactou a Abrantina, responsável pela construção do Parque Urbano do Rio Diz, mas o responsável pela empreitada está de férias.
Este equipamento foi inaugurado a 27 de Novembro do ano passado. Mais de meio ano depois da sua abertura ao público, António Saraiva diz-se «agradado com a forte procura pelos utentes», apesar de preferir que o espaço estivesse «em pleno». «Não se põe em causa a apresentação, mas poderia ter outra oferta na imagem», observa o responsável. A este respeito, puxa dos galões de arquitecto e apresenta uma comparação: «É como quando se acaba uma casa, em que ficamos com a ideia de que, nesse momento, é que devíamos estar a começá-la». Isto com o objectivo de evitar imperfeições, como no caso do lago, «que deveria ser repensado e melhorado», sustenta. Tanto assim que, se pudesse voltar atrás, «manteria a ideia do espelho de água, mas com outros elementos que, tecnicamente, permitissem contornar a vegetação que ali tem proliferado». Recorda, contudo, que, no projecto inicial, o lago era complementado com outras duas retenções de água, «a montante». Para que as sinergias entre as estruturas se verifiquem, e em benefício do parque urbano, o director-executivo do Polis defende que, quando a obra for definitivamente entregue à autarquia, esta deverá «olhar atentamente» para o resto do projecto. «Se calhar, não com a dimensão e os equipamentos previstos, mas verificando quais as possibilidades», sugere.
Igor de Sousa Costa