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Polémica na tomada de posse do director da ESEG

Jorge Mendes abandonou a sala repentinamente deixando Joaquim Brigas a falar sozinho

Os ânimos exaltaram-se, segunda-feira, na tomada de posse do director da Escola Superior de Educação da Guarda (ESEG). Tudo porque o presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) não gostou de algumas críticas que lhe foram dirigidas pelo empossado. Depois de responder, Jorge Mendes acabou mesmo por abandonar a sala de forma repentina, deixando Joaquim Brigas a falar sozinho. O mau relacionamento entre os dois responsáveis nos últimos tempos veio ao de cima e manchou aquilo que era suposto ser uma mera formalidade. Contudo, Jorge Mendes fez questão de realçar que aquela cerimónia já devia ter acontecido «há sete meses atrás».

«Com este acto se inicia formalmente um novo ciclo da vida da ESEG», começou por dizer Joaquim Brigas, reconduzido para o terceiro e último mandato na escola. O professor tem plena consciência das expectativas criadas em torno da sua reeleição: «Bem podemos dizer que temos os olhos de muita gente voltados para a nossa acção», disse, recordando que um dos motivos que esteve na origem da sua recandidatura foi o facto da ESEG ter obtido o primeiro lugar, a nível nacional, em termos de taxas de ocupação. «Mas é incompreensível e revoltante que a escola não tenha visto aprovados os novos cursos: Educação Especial, Artes Performativas Contemporâneas e o curso de Português e Estudos Sociais», sublinhou. Como se não bastasse, Joaquim Brigas aproveitou a presença do presidente do IPG para recordar algumas promessas por cumprir. «Como os novos projectos e as novas obras, caso da expansão física da ESEG e a criação de um infantário, para funcionar como Laboratório para o curso de Educação de Infância», recordou. Uma proposta que já vem do seu antecessor, Carreira Amarelo, há cerca de seis anos atrás e que continua a constar do Plano de Desenvolvimento da ESEG.

«Esperamos que esta estrutura veja nascer a luz do dia, brevemente», concluiu o director, que apontou como prioridades do novo mandato a «continuação do reforço» das ligações institucionais com o meio e a disponibilização de uma série de serviços à comunidade. «Já não faz sentido as instituições de ensino superior estarem fechadas dentro dos seus muros e, neste caso concreto, estamos a pensar proporcionar várias formações de diversa índole», revelou. Porém, Joaquim Brigas está consciente dos obstáculos do novo mandato: «Uns estão previamente identificados, outros haverá que fazem parte das surpresas do dia-a-dia, alguns ardilosamente armadilhados por mão preserva», garante. Por isso, é com «apreensão» que vê manterem-se «alguns sintomas», o que, a verificar-se, representarão «sérios constrangimentos e obstáculos» à concretização do seu programa para este mandato. Caso dos critérios orçamentais aplicáveis ao IPG e a atribuição às respectivas unidades orgânicas, tal como a dotação de quadros de pessoal, que terá que ser «igualmente proporcional e justa em relação ao trabalho e ao peso numérico da população de cada escola», justifica. «Não são as infindáveis e inconsequentes promessas de diálogo e abertura que resolvem, por magia, as tensões e focos de conflitualidade», desafia o director. Para Joaquim Brigas, é necessário criar uma «cultura de colaboração séria», garantindo que, da sua parte, «não haverá seguramente barreiras intransponíveis nem querelas estéreis».

Reeleição atribulada

No final do discurso, o presidente do IPG, incomodado com algumas críticas, respondeu à letra. Jorge Mendes fez questão de realçar que a cerimónia já devia ter acontecido «há sete meses atrás» e contrapôs que para se ultrapassarem essas barreiras serão precisos «actos». Quanto ao entendimento mútuo, basta que Joaquim Brigas «retire a queixa do tribunal. Aliás, esse pode ser um machado de guerra que ficava já hoje enterrado», respondeu, prevendo que, caso contrário, «as coisas não poderão melhorar». Já a não aprovação dos cursos deve-se ao facto de «não terem sido discutidos comigo», explica o presidente do Politécnico, esclarecendo que tal aconteceu «com as outras escolas, que viram as suas propostas de cursos aprovadas». Dito isto, Jorge Mendes abandonou abruptamente a sala, deixando todos os presentes de boca aberta e o director da ESEG a falar sozinho. «Assim não há diálogo possível», afirmou este, irritado, não tendo sequer tido hipóteses de responder às acusações de Mendes. Recorde-se que Joaquim Brigas foi reeleito director da Escola Superior de Educação no mês passado ao obter o aval de 15 dos 20 votantes. A sua adversária, Rosário Santana, ex-subdirectora da instituição, apenas conseguiu três votos. O acto registou ainda um voto branco e outro nulo.

Patrícia Correia

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