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PNSE «não é o Ministério da Economia»

Fernando Matos garante que ninguém pode esperar do parque «que crie empregos ou resolva a crise dos têxteis»

O Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) «não é o Ministério da Economia, nem se pode esperar dele que crie empregos ou resolva a crise dos têxteis». Farto de ser o bode expiatório para alguns dos problemas da zona, Fernando Matos garante que o PNSE tem feito muito para os meios, humanos e financeiros, de que dispõe. À margem do segundo Encontro Micológico, promovido em Videmonte no último fim-de-semana, o director da área protegida disse não aceitar as críticas de que está a comprometer o desenvolvimento da Serra da Estrela.

Fernando Matos não esquece as recentes acusações de Eduardo Brito, autarca de Seia, após ter dado parecer negativo à instalação de quatro novas unidades hoteleiras naquele concelho. O chumbo dos projectos da Senhora do Espinheiro, Loriga, Ponte de Jugais e Sandomil, bem como o atraso na revisão do Plano de Ordenamento, levaram o edil a insurgir-se contra o parque, acusando-o de não ter uma «postura de estímulo» ao desenvolvimento económico e ao emprego no município. Contudo, o director esclarece que o objectivo do PNSE é «a preservação dos valores naturais», o que tem sido feito com a ajuda dos projectos comunitários porque, «devido às nossas dotações orçamentais, temos que descobrir financiamentos que possam multiplicar o orçamento por quatro». E cita os dois Programas Operacionais do Ambiente – para espécies em vias de extinção e preservação de habitats – e outros dois projectos no âmbito do Interreg – sobre a floresta/incêndios e o desenvolvimento sustentável. «São programas absolutamente essenciais porque se destinam à preservação dos valores naturais e ao desenvolvimento local. Ao fazer isso, o parque está a cumprir a sua obrigação», acredita.

Para quem duvidar, adianta que a área protegida teve, em 2003, uma taxa de execução do plano de actividades de 104 por cento e de 98 por cento no ano passado. «Se temos estes valores é porque estamos a aplicar bem o dinheiro e a fazer as acções», insiste, desvalorizando a pressão de autarquias e de algumas colectividades locais. «Não posso dar um parecer positivo sobre coisas que vão contra a lei. É apenas isso que o parque tem feito», sublinha, contra-atacando com o que se está a passar nas feiras do queijo. «Se o PNSE tivesse continuado a geri-las não se teria chegado a esta situação de descaracterização do produto. Hoje em dia, vai-se a uma feira e possivelmente não se vê um queijo certificado, o que é muito mau, porque a certificação poderia dar – e dá – um valor acrescentado», garante. Contudo, Fernando Matos lembra que o parque gere 101 mil hectares, onde estão cerca de 100 freguesias e aglomerados urbanos, pelo que é «completamente impossível fazermos o trabalho sozinhos». Tanto mais que há uma «diferença abissal» entre os apoios financeiros das autarquias e os da área protegida. «A Câmara de Seia, por exemplo, vai ter um PIDDAC de 4,5 milhões, nós tivemos 390 mil em 2004, uma verba que será menor ou igual este ano», diz, desconhecendo ainda o orçamento atribuído para 2006.

Luis Martins

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