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PLIE já começou a nascer

Obras da primeira fase do projecto arrancaram finalmente na semana passada

Recebido o visto do Tribunal de Contas, arrancaram finalmente os trabalhos de infraestruturação da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda, na Quinta dos Coviais, a poucos quilómetros da cidade. As máquinas terão agora que entrar a “todo o vapor” para que a empreitada fique concluída até 31 de Dezembro, sob pena de se perder a comparticipação financeira do Interreg. De resto, a PLIE continua a suscitar o interesse de empresas com uma dimensão nacional.

Começa assim a ganhar forma um projecto que se antevê de vital importância para o concelho. O concurso da empreitada, orçada em 5,3 milhões de euros, e que compreende a execução dos trabalhos de saneamento, electricidade e telecomunicações da PLIE foi ganho pelo consórcio constituído pela Construtora Abrantina e pelas empresas da Guarda, António Rodrigues Leão (ARL) – Construções e António Saraiva & Filhos. A PLIE parece agora estar definitivamente com pernas para andar e sem mais atrasos, pois «assim que haja condições técnicas e jurídicas para se proceder à alienação de raíz ou precária dos lotes, haverá um plano de venda de terrenos para a instalação de empresas», frisou Álvaro Guerreiro, presidente da autarquia e do Conselho de Administração da sociedade durante a reunião do executivo camarário da semana passada. Aliás, a sociedade «já está a tratar do assunto», sendo agora altura de abrir o seu capital social e «agilizá-la de forma a desenvolver o seu destino», realça. O edil anunciou que, «a curto-prazo», serão anunciados os nomes de novas empresas que vão associar-se e participar na PLIE. Por outro lado, existem «investimentos em vista de empresas que são de peso nacional absolutamente reconhecido e que são mais-valias fundamentais para a PLIE», assegura. Questionado sobre os ramos das empresas interessadas, o autarca indica que têm a ver com áreas que o próprio projecto quer abranger. «São empresas que têm pressa em instalar-se na PLIE, reconhecendo o seu interesse e a mais-valia que constitui para os seus negócio», regozija-se.

Em Junho, em declarações a “O Interior”, Álvaro Guerreiro mostrava-se «absolutamente crente» de que os prazos iriam ser cumpridos, continuando bastante optimista quanto ao sucesso da PLIE, mesmo perante o atraso no arranque da estrutura muito aguardada na cidade: «O processo da PLIE tem que ser visto sem dramatismos. Agora, é evidente que se ele já tivesse avançado, nós estaríamos particularmente realizados nas nossas perspectivas, mas também é verdade que ele não avançou, nem por culpa da Câmara da Guarda, nem da Sociedade Plataforma Logística», acusou. Em causa estão os dois últimos Governos que, apesar de terem «sempre afirmado que era um projecto decisivo para o desenvolvimento regional, não o concretizaram quando chegou a altura de obter financiamentos», criticou. Mesmo o que foi concretizado no Interreg – de 3,15 milhões de euros – foi «seriamente diminuído naquilo que foi apresentado na candidatura», recordou. Por isso, a sociedade PLIE já se encontra a preparar a segunda candidatura ao Interreg «com vista a completar esse financiamento». Em simultâneo estão a ser feitas igualmente novas diligências junto do Ministério da Economia para obter «outros financiamentos», indicou.

Projecto vai ocupar 100 hectares

O Plano de Negócios da futura PLIE assenta nesta fase inicial em 32 hectares com construção, divididos por 74 lotes, nove dos quais irão destinar-se prioritariamente à implantação de projectos âncora na área logística. O investimento previsto nesta primeira etapa é de 13 milhões de euros, suportados em 65 por cento nos programas regionais de Economia. No total, o projecto vai ocupar uma área de cerca de 100 hectares, perto da auto-estrada da Beira Interior (A23) e do caminho de ferro (linhas da Beira Baixa e Beira Alta).

A PLIE assenta nas vertentes de tecnopólo, logística, Área de Localização Empresarial (ALE), bem como em serviços de apoio e investigação e desenvolvimento, estimando-se que possa gerar mais de um milhar de postos de trabalho na primeira fase do projecto. É uma sociedade com um capital social de 1,5 milhões de euros e 11 accionistas: Câmara Municipal, NERGA, Associação de Comércio e Serviços do Distrito da Guarda (ACG), Ecosoros, Gonçalves & Gonçalves, IPE-Investimento e Participações Empresariais, grupo JOALTO, grupo Luís Simões, LUSOSCUT (concessionária da A25 auto-estrada das Beiras Litoral e Alta), Manuel Rodrigues Gouveia e SERVIHOMEM-Prestação de Serviços a Empresas. Mas tudo indica que a estrutura accionista deverá ser reformulada, nomeadamente com a entrada de uma entidade financeira e com “know-how” neste sector, para além do interesse já manifestado do Conselho Empresarial do Centro (CEC) e da Associação Portuguesa para o Investimento (API) em aderir ao projecto guardense.

Ricardo Cordeiro

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