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Plano de insolvência da Beiralã prevê viabilização da empresa

Documento aponta para liquidação dos créditos, de 12 milhões de euros, em 12 prestações

O plano de insolvência que vai ser apresentado na assembleia de credores da Beiralã, na segunda-feira, prevê a continuidade da exploração da unidade fabril por parte da administração de Rui Cardoso e aponta para o pagamento dos créditos em 12 prestações mensais, revela o Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA). São 12 milhões de euros, sendo que a dívida aos trabalhadores é a maior de todas, ultrapassando os três milhões.

De acordo com o coordenador do STBA, o plano deu entrada na segunda-feira no Tribunal Judicial de Seia. Os números adiantados por Carlos João revelam que o segundo maior credor da fábrica têxtil é o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI), seguindo-se a Segurança Social, com montantes que variam entre os dois e os três milhões de euros. O sindicalista afirmava terça-feira, dia em que analisou o documento, que não lhe parecia estar garantido o pagamento das indemnizações aos 120 trabalhadores despedidos no mês passado, após terem estado quase sete meses com os contratos de trabalho suspensos. «Para mim, não é garantido que esteja previsto no plano», dizia Carlos João, que aguardava ainda a análise do documento por parte do advogado do sindicato. A intenção de voto dos trabalhadores só vai ser conhecida amanhã, durante um plenário, no qual Carlos João vai expor a proposta que será discutida na tarde de segunda-feira no Tribunal de Seia.

Para o sindicalista, a «grande tarefa» está agora em conseguir gerir os interesses dos dois grupos de trabalhadores que poderão entrar em conflito: os que foram despedidos, que já garantiram não abdicar das indemnizações, e os 90 que estão a assegurar a laboração da empresa, que só pensam em manter os postos de trabalho. Os operários vão ter três representantes na assembleia de credores, sendo que um total de 179, entre despedidos e activos, contam com o advogado do sindicato. Os restantes, não sindicalizados, dividem-se por dois outros representantes. «Basta que os trabalhadores, o IAPMEI ou a Segurança Social votem contra para que vá tudo por água abaixo», avisa o sindicalista. Ainda segundo Carlos João, o plano de insolvência prevê que a unidade fabril passe a laborar com 100 trabalhadores. A Beiralã foi declarada insolvente a 1 de Abril, depois de um dos credores, a empresa francesa Chargeurs Wools, o ter solicitado via electrónica em Dezembro do ano passado.

Os problemas da empresa começaram a acentuar-se no último trimestre de 2008, quando Rui Cardoso anunciou que não tinha condições para pagar os salários a todos os funcionários. Em Setembro, parte deles decidiu suspender os contratos de trabalho, de forma a poderem usufruir do subsídio de desemprego, e os restantes acabaram por fazer o mesmo antes do Natal. A têxtil chegou mesmo a encerrar, tendo retomado a laboração durante este ano e readmitido progressivamente alguns dos trabalhadores. Ainda se falou do potencial interesse de empresários da região em pegar na empresa, mas tudo não terá passado das intenções.

Assembleia de credores da têxtil senense realiza-se na segunda-feira

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