A Associação de Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA) classificou esta semana como «humilhante» e «atentatório do bom-nome» dos profissionais a acusação de que possam estar envolvidos na propagação dos incêndios que têm assolado o país. Em comunicado, a APPLA insurgiu-se contra os «boatos espalhados contra os “pilotos bombeiros” ou outros, sem que até agora algum destes pilotos tenha sido preso como incendiário».
A posição da associação surgiu pouco depois da Polícia Judiciária (PJ) da Guarda ter considerado infundadas as denúncias sobre o alegado envolvimento de dois pilotos de aviões de combate a incêndios na deflagração de fogos na Serra da Gardunha. O caso diz respeito às duas aeronaves “Dromader”, estacionadas no aeródromo da Covilhã, acusadas por correio electrónico. Na sequência destas denúncias, a PJ identificou os dois pilotos e concluiu que os denunciantes foram «levados pela ilusão de que os aviões estivessem a atear o fogo, o que não tem fundamento», garantiu o coordenador do Departamento de Investigação Criminal (DIC) da PJ, Mário Bento. Mas a actuação da Judiciária não deixa de ser criticada pela APPLA, que se diz «preocupada» por a PJ ter identificado os pilotos, «sem que de imediato e inequivocamente se investigue tecnicamente o respectivo meio aéreo na procura de indícios de materiais que eventualmente possam ter sido usados para a colocação do fogo», lamenta.
«Mais preocupantes», continua a associação, «têm sido os comentários de entidades oficiais, principalmente autarcas, que acusam os pilotos de negligência ou de eventualmente estarem a descansar quando deveriam estar a apagar o fogo na floresta dos seus concelhos, florestas estas que deveriam estar limpas e não estão». A APPLA sublinhou igualmente o «mais vivo repúdio» pelo silêncio evidenciado pelas autoridades competentes nestes assuntos, Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil inclusive, bem como das empresas a que estão ligados estes profissionais. Perante esta situação, a APPLA alerta que a continuação de «acusações infundadas poderá, a breve prazo, contribuir para formas de luta que os pilotos profissionais entendam vir a encetar na defesa do seu bom-nome, honra e dignidade profissional».
