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«Pela primeira vez, a Guarda só tem um deputado do PSD»

Cara a Cara – Entrevista

P – O que é que foi feito pela JSD durante o último mandato?

R – Entre muitas actividades, a JSD deu prioridade às acções de formação e à organização das estruturas concelhias distritais. Mas também fez actividades conjuntas com o PSD, quer distrital, quer nacional. A “Jota” da Guarda ficou patente nos órgãos nacionais do partido, tanto no meu papel, enquanto deputado, quer enquanto membro da Comissão Política Nacional da JSD. Mas o mais importante deste último mandato, que foi só de um ano, passou essencialmente pelo apoio às estruturas concelhias.

P – O que é que o levou a recandidatar-se?

R – Acho que um é projecto que está inacabado e eu quero uma juventude partidária irreverente e autónoma. A estrutura, enquanto um todo, ainda não está como eu pretendo ver a JSD. Não quero entregar a JSD a pessoas que não pensam por si. Quero que a JSD se afirme no contexto distrital e nacional, e por isso, não quero baixar as fasquias que já tinham sido alcançadas, como o quarto lugar na lista de deputados. Neste momento, a JSD teve um elemento no sétimo lugar, não graças à nossa estrutura, curiosamente, até foi a minha adversária que aceitou essa posição. Porque nós fomos coerentes com o nosso pensamento e quando fomos lançados para o sétimo lugar, preferimos não ir em lugar nenhum. Acho que devemos manter a fasquia no quarto lugar.

P – Estava à espera destes resultados eleitorais na Guarda?

R – Depois de olharmos para as listas dos partidos opositores, não era muito difícil esperar este resultado. Senão vejamos, todas as listas candidatas tiveram jovens nos primeiros lugares, enquanto que na lista do PSD fomos renegados para o sétimo lugar. E, é óbvio, quando um eleitorado jovem olha para as listas facilmente vota noutra lista. Mas eu avisei. Acho que a elaboração desta lista não foi pensada politicamente, nem cuidada.

P – Mas há outros factores que expliquem o mau resultado?

R – Também há o factor do desgaste do discurso de quem lidera o partido. Nas últimas eleições a líder distrital foi candidata, em todas as eleições, e o discurso foi sempre o mesmo: Hospital, Hospital, Hospital… As pessoas estão fartas de ouvir a mesma coisa.

P – O PSD da Guarda tem motivos para estar satisfeito com estes resultados?

R – Bem pelo contrário. O PSD tem motivos para repensar o próprio partido e todos os responsáveis políticos do nosso distrito têm que fazer uma introspecção e debater o futuro do partido. Porque este não é o Partido Social-democrata onde os militantes se revêem. É verdade que a líder distrital do partido disse num órgão de comunicação social que tinha como objectivo eleger o terceiro deputado. Não conseguimos alcançar essa meta. Ficámos nos dois deputados, mas pela primeira vez a Guarda só tem um deputado pelo PSD, que é Ana Manso. Por culpa da própria líder distrital. Se fosse coerente com aquilo que foi decidido numa Assembleia Distrital, a própria teria saído da lista. Porque tinha ficado decidido que se houvesse paraquedistas toda a gente saía da lista e isso não aconteceu. Eu cumpri, mas mais ninguém o fez.

P – A JSD vai apoiar a líder distrital?

R – O dia 26 de Fevereiro serviu para clarificar quem manda na JSD e concluiu-se mais uma vez que são os militantes da “Jota”. O objectivo neste novo mandato é trabalhar com o partido e ganhar o maior número de Câmaras. Vamos estar na linha da frente para definir e aprovar projectos aos nossos candidatos. Se a líder distrital entender que a JSD é importante e se não tiver a mesma atitude que nas últimas legislativas, de certeza que estaremos cá para ajudar. Mas para isso não podemos ser ostracizados pelo partido. Costumo dizer que a JSD tem sido o seguro de vida de Ana Manso, mas não gostamos de ser renegados para o último lugar.

P – A JSD vai impor candidatos para as autárquicas?

R – O nosso projecto para este novo mandato integra, entre outras coisas, um fórum temático intitulado “Ser autarca é altamente”, durante o qual vamos elaborar um programa que se denomina “Mais juventude, melhor poder local”. Depois, teremos uma reunião com cada candidato do distrito para apresentar as nossas ideias e projectos. Estou convencido que depois serão os próprios candidatos a convidarem os elementos da JSD a integrar algumas listas às autárquicas.

P – Ana Manso seria a candidata ideal para a Câmara da Guarda?

R – Essa é uma pergunta para a líder distrital ou para a comissão política do PSD. Mas acho que os resultados das últimas legislativas no concelho da Guarda falam por si. Quando se estavam a constituir as listas de deputados eu avisei que o mel estava a ser todo posto no cálice do concelho da Guarda. Se no dia 20 de Fevereiro transbordasse mel, a líder distrital ficaria com todo. Mas se transbordasse fel teria que o beber até ao fim.

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