Paulo Ribeiro está de regresso, amanhã e sábado, ao Teatro Viriato, em Viseu, mas desta vez com duas novas produções do Ballet Gulbenkian. “Delicado”, de Gilles Jobin, e “White”, a nova criação do ex-director geral da sala viseense, assinalam também o retorno da dança contemporânea àquele palco. Após a sessão de sábado terá ainda lugar a primeira noite do vinho do Dão no Bar do Teatro, uma iniciativa inédita de promoção do precioso néctar produzido na região demarcada cujas receitas reverterão a favor da oferta de bilhetes de espectáculos a pessoas carenciadas.
Em “White”, Paulo Ribeiro partiu do conceito vital e enérgico que é o optimismo para construir uma coreografia para o elenco masculino do Ballet Gulbenkian. Os corpos falam sem palavras para fazer passar a emoção ao som da música original do grupo Danças Ocultas. Já “Delicado”, executado pelo elenco feminino daquele colectivo na primeira parte do espectáculo, é uma criação do coreógrafo suíço Gilles Jobin que transmite a beleza das linhas ténues dos corpos, a sua agilidade e delicadeza. Os corpos, percorridos por ondas, equilibram-se quase sem peso, transmitindo ideias abstractas. A música original é da autoria de Christian Vogel. «Trata-se nesta nova criação de explorar novos terrenos de construções: linhas deslocadas, linhas e contactos, colocadas em rede e corpos percorridos por ondas. Estes corpos delicados serão então desordenados a partir do interior, equilíbrios instáveis na fronteira da vida, posturas erectas, direitas e em pé (hesitantes)», escreve o coreógrafo na apresentação desta produção, enquanto Paulo Ribeiro considera “White” uma forma de «dar corpo a um conceito esgotado, esquecido, marginalizado», com o objectivo de «criar uma espécie de microclima do discreto que, defendido pela eloquência dos corpos, se pode tornar uma ética dos sentidos».
É que o optimismo é uma «poderosa injecção de disponibilidade para a vida – alimenta o sonho e a noção do valor das pequenas coisas», sublinha. Paulo Ribeiro desempenhou, entre 1998 e 2003, o cargo de director-geral e de Programação do Teatro Viriato/CRAE (Centro Regional das Artes do Espectáculo das Beiras), que obteve, em 1999, o Prémio Almada do Instituto Português das Artes do Espectáculo pela actividade desenvolvida na área da Dança. Em Setembro de 2002 foi indigitado como Director Artístico do Ballet Gulbenkian, cargo que assumiu no início de Setembro de 2003. Os ingressos variam de 7,50 a 15 euros, sujeitos aos habituais descontos. O Teatro Viriato aproveita a segunda sessão do Ballet Gulbenkian para protocolar com a Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVRD) uma colaboração que vai dar origem às noites do vinho do Dão. Trata-se de promover a degustação de vinho no Bar do Teatro, aberto todos os dias das 20 às 2 horas, através da venda ao público, ao copo ou em garrafa e a um preço simbólico, para consumo exclusivo no local. O vinho será servido respeitando as condições técnicas indicadas pela comissão vitivinícola, sempre acompanhado por “tapas” regionais (queijo, presunto e broa).
Luis Martins
