O ministro da Agricultura, Carlos Costa Neves, entregou no último sábado a primeira “Bandeira Floresta Verde” do país à Associação de Produtores Florestais (APF) do Paúl (Covilhã) em reconhecimento do trabalho de «excelência» que tem sido feito na gestão de três mil hectares de floresta com uma única equipa de 19 pessoas. Há onze anos que a APF do Paúl tem conseguido controlar os incêndios graças a um projecto de reflorestação ordenada, limpeza das matas e vigilância. Tudo feito por duas equipas de sapadores, em colaboração com os proprietários.
Trabalho agora reconhecido, já que é a primeira associação florestal a ser distinguida pela tutela, que pretende atribuir mais “Bandeiras Floresta Verde” a entidades que desenvolvam «um trabalho como este», salientou Costa Neves durante a visita ao local onde está a decorrer o projecto de compartimentação e diversificação de plantas, numa área de 371 hectares. Para o ministro, este é mesmo um exemplo a seguir: «O Estado não pode deixar de apoiar quando está perante uma associação com quadros técnicos e equipas de sapadores e que consegue agregar os proprietários à volta da preservação da floresta», explicou o governante. A “Bandeira Floresta Verde”, criada pelo Ministério da Agricultura, é um símbolo de qualidade florestal atribuído aos espaços que cumpram um conjunto de preocupações técnicas, ambientais e sociais, com destaque para a prevenção dos fogos florestais e o ordenamento e gestão da floresta. A próxima “bandeira verde” apenas será atribuída mediante candidatura e após reunir condições semelhantes às da APF do Paúl.
«Não queremos banalizar a “bandeira verde” e por isso vamos distinguir associações com provas dadas, que reúnam um número significativo de produtores e tenham trabalho a apresentar», destacou o governante. Costa Neves disse-se esperançado que a iniciativa seja mantida no próximo Governo, uma vez que esta campanha é um símbolo de qualidade e um contributo para a consciencialização dos cidadãos e proprietários para a valorização e protecção da floresta. Para António Covita Baptista, presidente da APF do Paúl, é um «orgulho» receber esta distinção: «É a prova de que a associação realizou aquilo a que se comprometeu há onze anos», destaca. Além disso, é também um «incentivo» para continuar a desenvolver o mesmo trabalho de compartimentação e diversificação nos restantes 47 mil hectares em que intervém a APF e que abrangem as freguesias a Sul da Covilhã. O projecto desenvolvido pressupõe a substituição dos pinheiros bravos por folhosas, nogueiras, freixos e carvalhos, bem como a limpeza das matas. Um trabalho desenvolvido por 19 pessoas e diversa maquinaria adquirida desde 1993 graças a fundos comunitários. «Esta acção traduz-se na redução das áreas ardidas e dos focos de incêndio no prazo de cinco anos e é aquilo que queremos conseguir daqui a 15 a 20 anos em todo o país», adiantou o ministro, sublinhando que este tipo de projectos é também «muito mais económico» para os proprietários de minifúndios.
Liliana Correia