Pedro Passos Coelho está «de acordo com o Presidente da República»: «Também acho muito importante que o próximo governo que saia das eleições possa ter maioria absoluta no Parlamento».
Maioria absoluta, entenda-se. E ontem, na entrevista à TVI, o primeiro-ministro reiterou, e reforçou, uma ideia que já antes tinha deixado: seja da coligação, seja do PS, uma maioria estável de um dos lados será decisiva. Confrontado pelo jornalista José Alberto Carvalho com a hipótese de um acordo de governo ou de incidência parlamentar da coligação com o PS, Passos deixou claro que entende que esses arranjos intermédios são uma má solução, pois estão em causa «dois projetos de natureza política e económica muito diferentes».
«Não podemos andar dois anos ou três anos a seguir às eleições a ver se nos entendemos no Governo porque a probabilidade de isso acontecer com propostas tão diversas como as que estão em cima da mesa significa uma de duas coisas: ou que os partidos abdicam de forma significativa do seu programa – e isso não é um bom princípio – ou que esse Governo não terá consistência, não terá coerência para aguentar os quatro anos», afirmou.
Para que tudo ficasse claro, Passos Coelho levou o raciocínio mais longe: «Por isso, é importante apostar num resultado que confira ao PS a maioria absoluta – se for essa a vontade dos portugueses – ou que dê a maioria absoluta ao PSD e CDS para que o governo que sai das eleições tenha estabilidade».
Confrontado com o facto de nenhuma sondagem permitir antever essa possibilidade – com os dois blocos longe de uma maioria absoluta – Passos desdramatizou: «Felizmente as eleições não vão ser amanhã, vão ser a 4 de outubro e ainda temos campanha eleitoral para persuadir os portugueses da importância de quem ganhar as eleições o fazer de forma inequívoca dando estabilidade ao país».
Questionado ainda sobre os contornos exatos desses dois programas em confronto – uma vez que o programa da coligação só será apresentado na semana que vem – o líder do PSD reiterou, mais uma vez, que não haverá surpresas nem novidades do lado da coligação. «A coligação tem quatro anos de governação, e ao contrário PS, que teve vários documentos apresentados e vários líderes, (…) nós temos um rumo que as pessoas conhecem. Apresentámos um programa de estabilidade que significa o caminho económico-financeiro que vamos percorrer até 2019 se formos governo, portanto as pessoas sabem com o que contam se esta maioria vier a ser renovada».