1. O país autárquico vai definindo as candidaturas às eleições autárquicas a realizar em outubro. As máquinas partidárias apontam para fevereiro como o mês para fechar candidaturas e os putativos independentes decidem por estes dias se têm condições para avançar ou deixam aos partidos o exclusivo do processo.
2. A Covilhã, onde o PS governa com o apoio contranatura do PSD, aposta na renovação do mandato de Vitor Pereira enquanto o PSD apresenta um desconhecido Marco Batista, que dificilmente fará esquecer o resultado humilhante do partido em 2013. A chegada de Adolfo Mesquita Nunes para encabeçar a candidatura do CDS poderá animar a direita capitalizando o dinamismo e mediatismo do ex-secretário de Estado do Turismo, com raízes familiares na cidade. Mas a grande expetativa e preocupação do PSD vai para a cada vez mais provável candidatura do antigo presidente da Câmara Carlos Pinto. A popularidade de Carlos Pinto é incontornável e se confirmar a candidatura como independente, depois da cisão com o PSD-Covilhã, terá seguramente mais votos que o candidato oficial do partido (num inquérito online em ointerior.pt, a decorrer neste momento, Carlos Pinto aparece destacado como o mais popular dos candidatos, com 64%, bem à frente do atual presidente da Câmara Vitor Pereira com 22% seguido de Adolfo Mesquita Nunes com 10% e o candidato oficial do PSD só é reconhecido por 2% dos votantes no inquérito – vale o que vale…). Ou seja, Carlos Pinto nos próximos dias irá decidir e é cada vez mais provável que se apresente como candidato independente.
3. Em outubro de 2016 escrevi aqui que estava convicto que Álvaro Amaro seria candidato em Coimbra nas próximas autárquicas. Seria o corolário da sua carreira política e autárquica: candidatar-se e ser eleito presidente da Câmara da cidade onde reside e onde iniciou a sua vida profissional e política. Mas que só o faria depois de analisar as possibilidades de vitória, porque Álvaro Amaro não dá passos em falso – o que é legítimo, inteligente e uma prova do seu apurado sentido de oportunidade e perspicácia política.
Analisadas as sondagens, nomeadamente a publicada pelo jornal “As Beiras”, feita só com nomes da direita, em que 58% não reconhece nenhum dos nomes propostos ou não tem intenção de votar em nenhum deles, e na qual Álvaro Amaro tinha 12,88% de preferência, ligeiramente à frente de Margarida Mano com 11,50%, o presidente da Câmara da Guarda escolheu continuar na Guarda (o PSD de Coimbra continua à procura de candidato para enfrentar Manuel Machado que, entretanto, tem promovido grandes eventos, como a multitudinária passagem de ano, uma receita similar à que o executivo da Guarda tem promovido).
Depois de meses de dúvidas, com o PSD e o PS reféns de Álvaro Amaro (os laranjas naturalmente, os socialistas porque dependiam da decisão de Amaro para apoiar Joaquim Carreira ou, caso o autarca fosse para Coimbra, para lançarem outro nome com alguma hipóteses de sucesso). Álvaro Amaro fez a melhor opção! Para ele, que sabe que não seria fácil ganhar em Coimbra, e para a Guarda. Falta saber se com o CDS ou só com o PSD, a Guarda estende-lhe a passadeira. Aguardam-se as propostas ambiciosas para os próximos quatro anos e espera-se que passem nomeadamente pela renovação do compromisso de 2013, em que a valorização do Centro Histórico da Guarda, a aposta no Turismo e, essencialmente, a promoção do emprego e das empresas sejam apostas determinantes para o futuro de um concelho que perde mais de 600 pessoas por ano. Por isso, espera-se que a abertura do Hotel Turismo seja confirmada nos próximos meses, que os Passadiços do Mondego avancem rapidamente – dois momentos que podem mudar a perceção e a sensação de vitalidade do concelho – e, sugere-se, que o presidente da Câmara da Guarda assuma, definitivamente, a capitalidade da Guarda em termos regionais – nomeadamente assumindo a liderança da CIM Beiras e Serra da Estrela que se tem revelado um flop com grande prejuízo para a região. Falta fazer muito, e nestes quatros anos nem tudo correu bem ao executivo de Amaro, mas tem todas as condições para renovar a maioria e fazer muito mais nos próximos quatro anos.
Luis Baptista-Martins