«Temos que olhar para a floresta como se fossem as nossas próprias casas que estivessem em risco». O alerta foi deixado por Paulo Taveira de Sousa, secretário de Estado do Ordenamento do Território, que no último domingo, Dia Mundial da Floresta, presidiu às cerimónias de assinatura de protocolos para a criação de brigadas de sapadores florestais e da inauguração das novas instalações do Centro de Interpretação do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) na “cidade-jardim”, localizadas na Casa da Torre. Na mesma altura, Fernando Matos, director do PNSE, recebeu da SASEL, empresa que comercializa a água “Serra da Estrela”, um “cheque-árvore” no valor de 120 mil espécies autóctones que serão plantadas nas áreas ardidas nos últimos anos.
As 120 mil árvores são o resultado da campanha de reflorestação promovida pela marca em 2003, segundo ano consecutivo da iniciativa, sendo que na primeira edição foram financiadas 84 mil. Para o ano transacto, a «meta inicial» apontava para a angariação de 100 mil árvores, pelo que as 120 mil obtidas ultrapassaram largamente as melhores expectativas da empresa, sublinhou Barahona de Almeida, presidente do Conselho de Administração da SASEL. Esta campanha de reflorestação levada a cabo pela água “Serra da Estrela”, em parceria com o PNSE e o Instituto de Conservação da Natureza, tem como principal objectivo «ajudar a devolver o verde à Serra», sendo um projecto para continuar no futuro, assegurou o administrador, que adiantou ainda estar também prevista a vinda de alunos de todo o país à Serra para poderem eles próprios plantar árvores na área do PNSE. Fernando Matos mostrou-se bastante agradado com a continuação desta parceria, assegurando tratar-se de uma campanha «extremamente frutuosa» e que espera que venha a ser seguida por outras entidades.
O método é simples: «O consumidor da água “Serra da Estrela” pode retirar o código de barras e enviá-lo para a SASEL, que faz depois reverter o valor de uma árvore para o PNSE», conta. De seguida, o parque encarrega-se de encomendar as árvores, cujo pagamento fica a cargo da empresa, para serem distribuídas a associações de produtores florestais e a Juntas de Freguesia. O director do PNSE ficou também satisfeito com as novas instalações do organismo em Gouveia, distribuídas por três pisos e cinco dependências do monumento nacional, que apresenta um espaço «onde podem ser desenvolvidas múltiplas actividades», uma vez que o Centro de Interpretação «deve ser activo», frisa. De igual modo, o secretário de Estado do Ordenamento do Território, realçou que a recuperação da Casa da Torre é uma obra importante para o PNSE poder desempenhar a sua tarefa com «mais eficácia». Taveira de Sousa sublinhou a necessidade de em 2004 se «fazer tudo o que seja humanamente possível para que a tragédia do ano transacto não se repita», realçando que «temos que olhar para a floresta como se fossem as nossas próprias casas que estivessem em risco», desabafou.
Daí que os protocolos que o PNSE assinou com a autarquia gouveense e a Urze para a constituição de brigadas de sapadores florestais sejam encarados como um «instrumento fundamental» para a prevenção, vigilância e combate nas áreas serranas «onde o conhecimento do território é imprescindível», salientou. O Dia Mundial da Floresta ficou ainda marcado pela plantação de árvores no Parque Zoológico de Gouveia e pela inauguração do Centro de Recuperação de Vertebrados do PNSE. Álvaro Amaro, autarca de Gouveia, não perdeu a oportunidade para considerar «um atentado» a não recuperação dos casais de Folgosinho, localizados no maciço central, «um dos postais ilustrados mais espectaculares da Serra da Estrela», defendeu, apelando à intervenção do ICN.
Ricardo Cordeiro