Classificadas em 1998 pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), as gravuras do Vale do Côa têm sido geridas há vários anos por uma delegação do Instituto Português de Arqueologia (IPA), embora o Parque Arqueológico (PAVC) tenha aberto formalmente ao público em Agosto de 1996. Contudo, e segundo avançou o jornal “Público” na última segunda-feira, o IPA está a finalizar o diploma da criação do PAVC, que será submetido à apreciação do Governo na próxima semana.
Deste modo, o parque prepara-se para se tornar no primeiro do género a ser criado no país, consagrando-se por outro lado enquanto área protegida. Recorde-se que as gravuras rupestres do Vale do Côa foram classificadas como Património da Humanidade a 2 de Dezembro de 1998, na 22ª sessão do Comité do Património Mundial da UNESCO, em Quioto (Japão). O reconhecimento do seu valor pôs um ponto final definitivo à “guerra” que dividiu arqueólogos e defensores da construção de uma barragem no Côa e que mobilizou todo o país, valorizando também a opção do Governo, então liderado por António Guterres, de salvaguarda das gravuras e da criação do PAVC em 1996. Dois anos depois, o Estado português assumiu o compromisso de desenvolver a conservação da arte rupestre e promover a construção de um museu, de modo a proporcionar a um público alargado a informação adequada, inseri-lo nos circuitos do turismo e promover o desenvolvimento económico e social da região. Mas, passados vários anos, têm sido mais os recuos que os avanços na concretização destes objectivos, numa região cuja esperança de desenvolvimento à sombra do Vale do Côa já esmoreceu. Em contrapartida, os trabalhos de investigação têm vindo a confirmar a inegável importância do património rupestres já descoberto, sendo que o Vale do Côa é actualmente considerado a maior reserva de arte paleolítica ao ar livre conhecida no mundo.