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Paraquedismo militante

Agora Digo Eu

Portugal é definido constitucionalmente como um Estado unitário, onde os seus naturais, sejam eles de Lisboa, Porto, Covilhã, Guarda ou Caldas da Rainha, gozam dos mesmos direitos não ficando impedidos de exercer em pleno a sua cidadania.

No entanto, o povo, na sua sábia e douta sabedoria, sempre vai acrescentando “Cada terra com seu uso. Cada roca com seu fuso” e se “para cá do Marão mandam os que cá estão”, falemos, como Torga o fez, do reino maravilhoso, pois embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos. Para lá do Marão mandam todos. Todos e, cada vez menos os seus, é aí que sentimos o tal calafrio onde a vista alarga-se de ânsia e assombro para percebermos que Penedo falou? E de nada serve interrogar o grande oceano megalítico porque o nome invisível ordena: Entra!!!

E eles entram. Alguns sem pedirem licença. Sem baterem à porta. Com a permissividade e promiscuidade conhecida e a conivência de quem tem o poder, onde facilmente se entende o princípio, o objetivo e a ordem (pré) estabelecida, usando e abusando do coração de manteiga dos seus naturais. E eles entraram e entram. Por terra, por ar. De carro, de comboio, de autocarro, de mota e até de trotineta, alguns saltando de paraquedas em barra extrativa ou mesmo de peito feito, em verdadeira queda livre. Mesmo sem conhecerem o terreno. Uns utilizando o estatuto de “nascidos cá”, outros nem por isso e ainda outros conhecedores apenas da visualização do simulador ou do mapa Michelin, nesse ponto incrustado no contraforte da serra da Estrela, utilizando, mais recentemente, o Global Positioning System (GPS) da viatura. Querem nomes? Pois eles aí vão:

Miller Guerra, Luís Barbosa, Fernando Cardote, António Vitorino, Vasco Valdez, Francisco Assis, Miguel Frasquilho, Paulo Campos, António José Seguro, Manuel Meirinho, Pina Moura, Arménio Matias, Almeida Santos, Veiga Simão e, isto sem esquecer alguns elementos de comissões instaladoras e serviços descentralizados do Estado, ultimamente com visível destaque para a ULS. Se isto não é um hino à nossa permissividade e fragilidade intelectual, o que será?

Vêm aí as eleições. Deixemos de ser queixinhas e habituemo-nos que a promessa virá como sempre e sempre com o seu molho. As costeletas de uma pulga e o coração de um piolho.

Será que teremos de pedir emprestada a ilha das Galinhas, levando para lá o cenáculo e encenando formas de intervenção e protagonismo, a começar, desde logo, pelo programa político e a necessária forca para alguns se dependurarem, embrulhados que estão nesta folha de jornal, ficando tão pouco retratados neste pequeno texto das Farpas «desconfiados, os de Viana, é natural. Desavindos entre si, não. Dizem-me que não há terra de menos intriga do que esta e facilmente o creio perante a leitura dos seus periódicos, nos quais, durante oito dias consecutivos que os li, não descompôs ninguém».

Por: Albino Bárbara

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