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“Panama Papers” ligam caso Sócrates ao “saco azul” do GES

A origem dos 12,5 milhões de euros que o empresário luso-angolano Hélder Bataglia transferiu para as contas de Carlos Santos Silva na Suíça através de duas “offshores” (a Markwell e a Monkway) como alegada contrapartida pela aprovação da nova fase de desenvolvimento do empreendimento imobiliário de Vale do Lobo, no Algarve, terão tido origem nas contas da ES Enterprises, “offshore” do Grupo Espírito Santo com sede no Panamá.

A ES Enterprises é vista como um “saco azul”, uma vez que era uma empresa oculta do organograma do Espírito Santo e que era financiada por outra sociedade controlada pelo grupo: a Eurofin, que tinha uma aparência de independente, mas na verdade seria controlada pelo GES. Essa sociedade, segundo foi já noticiado, movimentou mais de 300 milhões de euros em despesas, comissões e que o Ministério Público acredita tratarem-se de “luvas” relacionadas com negócios conquistados e concretizados pelo GES.

O “Expresso” traz na sua edição de hoje que a ES Enterprises existia desde 1993 e terá sido criada por todos os membros do Conselho Superior dos Espírito Santo. Ricardo Salgado era o presidente, sendo o cargo de vice-presidente ocupado por José Manuel Espírito Santo.

A ES Enterprises foi criada através de um centro de “offshores” nas Ilhas Virgens Britânicas denominado Trident Trust Company, tendo a sua gestão fiduciária mudado para o escritório Mossack & Fonseca, no Panamá, em 2007. Também o nome mudou na mesma altura para Enterprises Management Services.

Segundo a documentação revelada pelo “Expresso”, a ES Enterprises tinha contas em dois bancos: Banque Privée Espírito Santo (Suíça) e Banque Internationale à Luxembourg (BIL). E controlava outras sociedades “offshore” num esquema em cascata. Ricardo Salgado admitiu na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso GES/BES que sabia da existência da empresa, mas apenas disse que se tratava de uma sociedade que promovia a «regularização dos serviços partilhados do grupo» e de «serviços à área financeira». E que tinha sido «uma falha» o facto de nunca ter constado do organograma oficial do grupo.

Agora a notícia do “Expresso” e da TVI que resulta da investigação feita a partir dos “Panamá Papers” dá outra finalidade à ES Enterprises. Em declarações ao “Expresso” deste sábado, Helder Bataglia confirma que as «transferências foram feitas a partir da ES Enterprises». Ou seja, a sociedade Espírito Santo Enterprise, usada como um “saco azul” da família Espírito Santo, foi a origem dos 12,5 milhões de euros pagos ao ex-primeiro-ministro José Sócrates e que circularam por contas de empresas “offshore” de Hélder Bataglia.

O “Expresso” avança ainda que Ricardo Salgado omitiu sociedades “offshore” ao fisco. O ex-presidente do BES tinha 37 milhões de euros em “offshore” e foi-os regularizando desde 2005. Mas houve contas no Panamá e nas Ilhas Caimão que nunca mencionou ao fisco.

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