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Pagar e calar

Menos que Zero

A Câmara do Fundão instalou parquímetros em algumas das principais ruas da cidade, facto que desencadeou de imediato o protesto de comerciantes e moradores. E com razão. Não pelos prejuízos que eventualmente possa causar a cobrança do estacionamento, mas pela atitude pouco dialogante de uma autarquia que não teve a decência de explicar aos munícipes por que razão decidiu introduzir o estacionamento pago numa cidade que não tem problemas de parqueamento. Aliás, como não explicou os motivos que presidiram à escolha de algumas ruas, ou até de parte delas, como é o caso da Avenida da Liberdade, onde apenas se paga estacionamento até meio da avenida.

Infelizmente, o estacionamento é apenas mais uma das muitas taxas pagas pelos automobilistas, um grupo que se tornou numa importante fonte de receitas para o Estado. Talvez convenha recordar que, para além do estacionamento, o proprietário de um veículo já paga o Imposto Automóvel, o Imposto Municipal de Circulação e o Imposto sobre os Combustíveis. Dito desta forma até parece que estamos a falar de um artigo de luxo, mas não. Na esmagadora maioria dos casos, o automóvel é uma ferramenta de trabalho absolutamente essencial para o desempenho da actividade profissional, pelo que não se justifica tamanha carga de impostos.

Os estacionamentos pagos contribuem de alguma forma para a melhoria da qualidade de vida dos munícipes? Não.

Os concessionários dos estacionamentos na via pública garantem a segurança aos automóveis? Não, mas pagamos.

As cidades têm uma rede de transportes urbanos que permita deixar o automóvel em casa? Não, e por isso temos de recorrer ao automóvel.

Pagamos todo o tipo de impostos, estacionamentos, inspecções periódicas, auto-estradas e tudo o que resto, pois não temos alternativa. É pagar e calar.

Por: João Canavilhas

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