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Quando vamos ser capazes de discutir a interrupção voluntária da vida? E a interrupção das não vidas? Quando vamos deixar a falsa moral e encurtar sofrimentos? Quando vamos perceber a justeza de definir o que é vida humana e ser capazes de terminar as que não são? Os reis dos critérios e das causas libertárias encontram aqui a sua fronteira. Mas negociamos com países que têm pena de morte, e entendemos que a pena de morte não resolve, não evita, não soluciona a dor. E filmamos e difundimos com estranho sarcasmo a morte de Saddam – e ele tinha saúde e todos os critérios de ser pessoa. E se discutirmos também as doenças sociais, as doenças que transportam todos os crimes com elas? Legislar violentamente sobre a violência familiar parece bem, mas já é estranho liberalizar completamente o consumo de droga ou em alternativa tratar compulsivamente os que a utilizam?

Dizia-me o Pedro Ribeiro que se a droga for acessível a todos os que a usam o crime diminui. O descalabro chega da incapacidade de a comprar e, por essa razão, enquanto há equilíbrio nos ganhos versus aquisição, os comportamentos são normais e as performances são aceitáveis.

E porque não se podem casar pessoas com mais que um cônjuge? Se eles querem, porque não terão o mesmo direito dos homossexuais ou dos outros não casais há luz da tradição cristã, católica, romana, baptista? Se casar é um modo de contrato, porque não pode ser associativo? Ou em sociedade por quotas? Custava-me mais ver um rapaz adoptado por um casal homossexual masculino.

Dizem-me que não induz comportamentos, que como dois alcoólicos não terão obrigatoriamente filhos bêbados, que podem ser modelos de amor paternal. A lei vai fazer-nos aceitar isto e portanto também temos de transpor outras fronteiras. E as avós já dão o útero para o neto da filha, e o esperma já existe em bancos e pode ser adquirido e a prostituição continua ilegal. Tantos contra-sensos e faltas de rigor. Não se limitando a fronteira, tudo é possível e as barreiras terão de ser a violência, a insanidade (para tratar) os recursos limitados e o garante da liberdade, e muito mais que compete aos tribunais desde que em tempo útil.

Por: Diogo Cabrita

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