1. O balanço de 2017 é marcado pela tragédia dos incêndios – em Pedrógão Grande e, a 15 de outubro, por todo o país e em especial na região centro. Mais de 100 mortes a lamentar, que não podem ser esquecidas.
O Presidente da República deu alento e afeto às populações abandonadas, votadas à sua sorte, e, mais importante, deu um sinal de solidariedade seguido pela população. O país solidário foi o melhor perante a tragédia, depois de António Costa ter desiludido, desresponsabilizando o Estado e dizendo que temos de nos habituar a conviver com as catástrofes e a resolver os problemas quando o apoio institucional falha.
No final do ano, o primeiro-ministro na sua mensagem de Natal comprometeu-se a «fazer tudo» para evitar novas tragédias. António Costa, depois de acossado no contexto das tragédias, reagindo mal e fora do tempo, deu agora um sinal determinante para o futuro: apostar na prevenção, melhorar a capacidade de combater às chamas e, o mais decisivo, revitalizar o interior e reordenar a floresta. Finalmente um primeiro-ministro assume como estrutural e decisivo a revitalização do interior ostracizado e abandonado. Mas se essa premissa foi finalmente assumida como uma prioridade, ainda falta muito para se perceber o que vai ser feito, até porque 2017 foi também o ano da desilusão, precisamente, sobre a Unidade de Missão para o Interior, com o abandono de Helena Freitas e o descrédito pela completa falta de implementação de medidas de coesão territorial – e sem investimento público e emprego nada irá contrariar o despovoamento.
O ano marcado dramaticamente pela perda de vidas humanas em incêndios e com grande parte do território devastado pelo fogo, também tem de ser o ano do ponto de partida para a mudança de atitude e de políticas de correção de assimetrias e investimento no território de baixa densidade, no regresso à terra e na aposta no povoamento do país como um todo. Portugal não pode continuar a ser um pequeno país assimétrico. Ou, como nos respondeu o presidente da Câmara do Sabugal, António Robalo, em entrevista que iremos publicar na próxima semana, um país a três velocidades, a do litoral, a do interior e a da raia, ainda mais distante e abandonada por Lisboa.
2. O jornal O INTERIOR é distribuído com o maior semanário português há quase dez anos. Foi, então, uma opção de grande alcance, um investimento na dimensão e uma aposta em estar mais próximo das populações da Beira Interior através de todos os suportes possíveis, nem sempre devidamente valorizada (comercialmente ou pelas instituições – o Expresso chega a mais pessoas na região que todos os jornais do distrito da Guarda juntos). Para 2018, e seguindo os gurus da estratégia da imprensa, vamos apostar mais no digital, nomeadamente com um novo site (até porque ointerior.pt é o portal com mais visitas e mais pageviews da região, e com “notícias ao minuto”, e o futuro passa pelo online) e apostando menos no papel, por isso, a distribuição com o Expresso passará a ser pontual e não regular. Mas se apostar no futuro é apostar no digital, num novo site e nas demais plataformas online (nomeadamente no Facebook, a rede mais popular em Portugal e na região, e onde temos mais de 31 mil seguidores, mantendo a parceria com o Expresso e desenvolvendo a nova parceria de conteúdos com um dos sites com mais pageviews a nível nacional: o Sapo24) não deixaremos de apostar na recuperação de assinantes (neste momento temos precisamente uma promoção para novos assinantes e teremos outras) e de ser ainda mais fortes nas bancas da região.
Como nos ensinou António Machado o caminho faz-se caminhando, o nosso é o da afirmação de um jornal regional moderno e que continua a sua aposta no papel enquanto cresce no digital.
Votos de um Próspero Ano de 2018 a todos os colaboradores e clientes e a todos os leitores.
Luis Baptista-Martins