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Óscars – Os nomeados para Melhor Filme de 2016 (parte I)

Opinião – Ovo de Colombo

Nesta crónica focar-me-ei em 4 dos 8 filmes nomeados (procurarei expor a minha opinião dos outros 4 na próxima edição).

Num estilo semelhante aos filmes sensíveis e híper-coloridos de Douglas Sirk, “Brooklyn” (John Crowley), um filme viciado na oposição partir/chegar, é uma delícia para os olhos e para a alma. O ritmo hipnótico e harmoniosamente desenvolvido, o roteiro sólido, os diálogos naturais e graciosos, que permitem uma construção complexa e fascinante de certas personagens, a fotografia sensível, o apreciável trabalho de montagem e a faceta história retratada com veracidade (destaco o guarda-roupa) fazem de “Brooklyn” o filme que, a meu ver, merece sair vencedor (embora duvide que vá ganhar). Tudo está em perfeita sintonia! O desempenho de um ator não deve pesar na qualidade de uma longa-metragem no que toca à sua nomeação para melhor filme. Porém, seria um sacrilégio não fazer aqui uma vénia a Saiorse Ronan. Ela é uma das favoritas ao Óscar de Melhor Atriz e a minha predileta. A sua prestação é in(tensa) e pacífica ao mesmo tempo. A vida da sua personagem é tão real que intercepta o nosso coração até ao mais ínfimo da sua essência. 4/4

“Mad Max: Fury Road” (George Miller) é ação pura. O ritmo, o verdadeiro protagonista, é louco, acelerado e intenso. Destaco também a ótima montagem, algumas falas interessantes, a banda sonora impactante e o guarda-roupa elaborado. As personagens não causam grande simpatia, mas isto não abala significativamente o filme. 3,5/4

Hollywood sempre adorou e soube explorar a questão da sobrevivência e “The Martian” (Ridley Scott) só vem corroborar a regra. O seu grande trunfo é a combinação perfeita entre o drama e o humor inteligente. A história é sólida e recheada de falas espirituosas (o que espelha a qualidade do guião), efeitos especiais bem conseguidos e cenários sofisticados. Enfim, “The Martian” é daquele tipo de filme que, misturando ação, drama e comédia, é um bom companheiro de serão para toda a família (se não houver crianças com menos de 12 anos). 4/4

“The Revenant” (Alejandro González Iñárritu) é mais um drama sobre a sobrevivência humana, porém com pouco humor e bastante carniceiro. O filme é poderoso. O tema e a forma como este é retratado são agressivamente fascinantes. O sólido guião, as complexas personagens, o trabalho de montagem impecável, as cenas de luta realistas, a fotografia tão sublime quanto bela, as falas inteligentes e o impressionante trabalho de maquilhagem e de indumentária são outros trunfos. O ritmo é envolvente e emocionante, conseguindo gerar, mesmo assim, momentos de contemplação paisagística. Apesar de tudo, tem o calcanhar de Aquiles de viver muito do ator. De facto, DiCaprio tem um desempenho extraordinário e é maior que a brutal força da natureza do filme (só espero que seja desta que o ator leva a estatueta de Melhor Ator para casa). 4/4

Miguel Moreira

* Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Cinema pela Universidade da Beira Interior. Autor do blogue “Ziegfeld Boy”

“The Revenant”, com Leonardo DiCaprio

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