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Os lares

Bilhete Postal

Tenho uma pequena novela sobre o assunto a que dei o nome de “Death net/Lar inquieto”. Faz anos que a postura do Estado contra a família me surpreende. Bem sei que a família é o lugar máximo da violência em Portugal, e possivelmente porque a Assistência Social se veste muito bem, mas decide muito mal. Sei disso, mas também sei da importância equilibradora da família, quando ela funciona. Também há pouco apoio aos Assistentes Sociais que trabalham com afinco. Tenho como certo que num país de enorme desemprego se podia ter a família envolvida no processo de ajuda aos idosos e a fisioterapia como regra e o domicílio como melhor solução. Chego aos 70 e porque me dói a cocha, porque gritam as articulações, sou forçado a ir para um lugar onde comigo convive quem eu nunca procuraria. Ao almoço o Zé que sorve a sopa, de noite a Rosa Maria que ressona no quarto ao lado. Eu sofro imenso das pernas, mas aquilo é muito pior. E a família garante qualidade? Por certo que haverá de tudo e haverá sempre gente sem trabalho que pode prestar as tarefas por salários. O ensino e a auditoria garantirão que as coisas corram com normalidade, e excepções, que as há sempre. Só os jornalistas deste país é que pegam cada particularidade para converter tudo em género ou vulgaridade.

Por: Diogo Cabrita

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