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Os investimentos que a Beira Interior espera

A mês e meio das legislativas, responsável pelo Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social, da UBI, recorda aos políticos os projectos e apoios necessários para relançar a economia da região

Pires Manso, professor catedrático na Universidade da Beira Interior e responsável pelo Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social (ODES) da UBI, considera ser necessário haver um maior apoio à economia da Beira Interior para evitar a desertificação. «Há sectores tradicionais saudáveis que é importante continuar a desenvolver e há sectores novos, com grande potencial de crescimento, que têm que continuar a ser apoiados para que se afirmem cada vez mais na região», salienta aquele responsável em mais um estudo do ODES, esperançado que «os líderes deste país se lembrem que o interior existe».

Com as legislativas à porta, Pires Manso deixa algumas sugestões dos investimentos necessários para que o interior possa «recuperar o atraso» em relação ao litoral, entendendo que, «se forem implementadas, garantirão certamente um futuro promissor para a economia da região». Para além do investimento no Regadio da Cova da Beira, da ajuda à fixação de jovens, através da melhoria das condições de habitação e iniciativas locais/regionais de emprego, Pires Manso considera as acessibilidades como um factor importante de desenvolvimento. A modernização da linha ferroviária da Beira Baixa, «electrificada da Covilhã até à Guarda», e a modernização do aeródromo da Covilhã assumem-se como os maiores investimentos no sector das infraestruturas, tal como a conclusão da duplicação da A25 e a manutenção das auto-estradas sem portagens. O IC6, em perfil de auto-estrada, também é defendido pelo professor da UBI, bem como a construção do túnel Unhais-Alvoco e a continuação do IP2 de Celorico da Beira ao IP4, em Trás-os-Montes, para «captar investimentos espanhóis e atrair turistas».

Na indústria, Pires Manso diz ser importante aproveitar o potencial endógeno da Beira Interior, nomeadamente os recursos naturais, energéticos, agrícolas e humanos para que possam surgir «novas empresas industriais que maximizem o aproveitamento desses recursos». No entanto, reclama a continuação dos apoios aos sectores tradicionais em crise, especialmente às empresas têxteis. «É importante que se apoiem as empresas tradicionais tecnologicamente bem apetrechadas, algumas das quais líderes na Europa, e que se apoie a reconversão das empresas com potencial de reconversão de modo a produzirem, por exemplo, os chamados têxteis técnicos com elevado valor acrescentado para a saúde, desporto, o espaço, vestuário anti-transpiração ou anticarburante», exemplifica. O apoio ao desenvolvimento de novas empresas e sectores como a indústria de frio, metalomecânica e plásticos é também sugerido pelo responsável pelo Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social, assim como a criação de marcas próprias, a aposta na qualidade e a isenção de impostos para as empresas que se fixem no interior do país.

Para Pires Manso, o próximo Governo deve continuar a investir no aproveitamento das energias renováveis, na formação de recursos humanos para a indústria, comércio e serviços com a criação de Cursos de Especialização Tecnológica em áreas chave como a saúde, economia, gestão tecnológica e marketing. A aposta na inovação e no desenvolvimento tecnológico é também referida como essencial para melhorar a economia na Beira Interior, através de mais parques de ciência e tecnologia, como o Parkurbis, do aproveitamento dos Centros Tecnológicos Regionais e do apoio à afirmação e implementação de projectos modernos como a Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda. Também o fomento do empreendorismo em sectores inovadores e de ponta, com vista ao aparecimento de projectos na área das telecomunicações, farmácia e informática, deve ser encorajado. A dinamização do comércio tradicional, a criação de novos centros comerciais modernos e o desenvolvimento de um plano estratégico de turismo de Inverno, Verão, montanha, histórico-cultural, ambiental, desportivo, termal, de lazer, gastronómico, com a construção de infraestruturas desportivas, hoteleiras e museus temáticos, são outras soluções apontadas para relançar a economia regional.

Liliana Correia

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