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Os feitiços de São Cipriota

Extremo Acidental

Durante a última semana os defensores dos fracos e oprimidos andaram na rua e nas televisões a gritar “agarra que é ladrão” em grego de Chipre. Parece que nessa ilha do Mediterrâneo tirar aos ricos não tem a mesma popularidade que tem por cá, nem a ideia recebe os mesmos louvores que Robin Hood na floresta de Sherwood.

Eu partilho da indignação. Se os bancos cipriotas são paraísos fiscais de depósitos russos, e se é verdade que os financiadores da nova direcção do Sporting vêm dos Urais, é agora que a chanceler Merkel se está a começar a meter onde não deve. Uma coisa é mandar vir aqui um trio de economistas com um cheque para Portugal e levar-me dois ordenados por ano, outra bem pior é ir a Nicosia e ficar com o dinheiro do ordenado do Rui Patrício.

Hoje em dia a homonimia entre bancos atingiu grande proximidade nos significados. Repare-se, um banco é uma instituição onde as pessoas sabem que podem guardar o seu dinheiro em segurança mas não sabem se o conseguem de lá tirar antes de chegar uma troika qualquer. Mas um banco é também um objecto onde se pode deixar um reformado em segurança mas não se sabe se é possível tirá-lo de lá antes de acabar o jogo de dominó.

Segundo o meu velho Atlas Mundial, Chipre é uma ilha, e segundo a minha velha Enciclopédia Universal, uma ilha é um pedaço de terra rodeado de água por todos os lados. Isso a gente de Chipre já devia saber, o que não imaginava é que a União Europeia fosse governada por um grupo de pessoas que mete água por todos os lados.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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