Dizem, se calhar com alguma pontinha de razão, que ninguém é bom juiz em causa própria pois o pecado pode ser praticado por excesso ou por defeito. No entanto, não podia deixar passar esta comemoração sem dar conta daquilo que é hoje o Centro Cultural da Guarda.
Com efeito, o CCG é uma associação de utilidade pública, sem fins lucrativos, pautando a sua atuação por uma atividade ininterrupta dando resposta às mais de 400 pessoas que ali trabalham, ali participam e ali aprendem. Das várias valências o destaque vai para os mais pequenos. O Coro Infantil e Juvenil tem 40 participantes com idades compreendidas entre os 4 e os 14 anos. Está neste preciso momento a preparar o Natal.
O Rancho Folclórico, fundado em 1967 por Afonso Sanches de Carvalho, primeiro presidente da Assembleia Geral, clérigo, jornalista e Homem da Guarda, é mensageiro do folclore de toda a região que se estende da Serra da Estrela até à zona raiana. Conta com quase 50 elementos, encontra-se muito renovado, com inúmeros jovens que vestem o traje representativo de antigos pastores e aguadeiras da cidade. A dança da roda continua a ser o prato forte transmitindo a mensagem alegre, colorida, de uma vivência marcada pelo clima, geografia e encanto beirão.
O conjunto típico Rosinha nasce em 1975 pela mão dos elementos do rancho. Tem presentemente dez elementos que tocam e cantam música popular portuguesa. O coro sénior, agora com o nome “Cantar Tradição”, conta com trinta elementos, toca e canta cancioneiro português, anima festas em instituições de solidariedade social, infantários, festas e convívios. É dirigido pela maestrina Andreia Coutinho.
O Orfeão continua a divulgar a nossa música onde os mais de trinta elementos são dirigidos pelo maestro Gustavo Humberto Delgado, com participações em encontros, efemérides, inaugurações. Está presentemente a preparar os concertos de Natal, pelo que o convite fica já feito: dia 17 de dezembro, às 16 horas, na Igreja da Misericórdia na Guarda.
Em atividade estão também os 60 – 5 estrelas que executam na perfeição a bonita música dos anos 60. O Centro Cultural tem também uma biblioteca e aulas de ginástica. A escola de música proporciona aos alunos (cerca de 130) um ensino de qualidade seguindo as boas normas e processos pedagógicos em várias áreas: iniciação musical, solfejo, piano, acordeão, concertina, órgão, guitarra clássica, baixo, bateria, saxofone, violino. A escola de ballet e danças modernas é frequentada por mais de centena e meia de alunos, de vários escalões etários, dirigida pela professora Teresa Pais.
Os 55 anos de vida desta coletividade foram comemorados de forma viva e intensa com a presença de inúmeras personalidades da nossa terra. Momento alto foi a conferência presidida pelo vereador do pelouro da Cultura da Câmara da Guarda, Victor Amaral, tendo como convidado o deputado João Soares, antigo presidente da Câmara de Lisboa e ex-ministro da Cultura. Soares soube dosear o conhecimento da Guarda, os laços afetivos (o avô foi Governador Civil em 1912, logo após a implantação da República) para perceber que o movimento associativo é de suma importância neste interior profundo onde queremos e gostamos de viver.
O Centro Cultural da Guarda mantém permanentemente a porta aberta convidando a novas participações, aprendizagens e desafios neste recanto onde centenas se entregam a este tipo de associativismo, de forma gratuita e abnegada, apostando em manter vivo o amor a esta coletividade, transformando-a, provavelmente, na maior organização cultural de toda a zona centro do país.
Estes 55 anos de História, repletos de tantas enriquecedoras histórias (que não caberiam nas páginas da edição de hoje de O INTERIOR), são a certeza que temos e devemos perpetuar o lema que os fundadores do CCG nos deixaram no longínquo 17 de novembro de 1962: “Pela Guarda – Pela Arte – Pela Cultura”.
Por: Albino Bárbara
* Presidente da direção do Centro Cultural da Guarda
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