A falta de médicos de família afeta «especialmente» os distritos da Guarda, Castelo Branco e Leiria, revelou anteontem o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos. Carlos Cortes assinalou o Dia Mundial do Médico de Família, celebrado na terça-feira, com visitas a centros de saúde para alertar para a falta de médicos de família e para problemas no exercício da profissão.
«Há uma grande desmotivação dos profissionais de saúde por causa das condições de trabalho», disse o dirigente, para quem o Ministério da Saúde «tem-se mostrado incapaz de resolver o problema e não tem sabido captar os médicos de família» para as regiões de Portugal mais desguarnecidas, com muitos destes profissionais a optarem pela emigração. «Nos centros de saúde faltam também equipamentos, outros materiais e muitas vezes até medicamentos», denunciou Carlos Cortes, sublinhando que esta situação «não permite evitar que muitos doentes recorram às urgências hospitalares». A estrutura regional da Ordem dos Médicos «tem redobrado a sua atenção nesta área da saúde», um trabalho que pretende prosseguir até 2016, insistindo sobretudo na «grande falta de médicos».
No centro do país há «entre 130 mil e 150 mil pessoas sem médico de família», o que, segundo o responsável, corresponde à necessidade de colocar pelo menos mais 70 destes profissionais. Atualmente há mais de 8.200 utentes sem médico de família na área de atuação da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda. Os casos mais preocupantes verificam-se nos centros de Saúde da sede do distrito, em Figueira de Castelo Rodrigo e em Pinhel após a aposentação de sete especialistas – três na Guarda e Pinhel e um em Figueira.
Câmara de Figueira oferece casa a médicos
A Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo quer atrair e fixar médicos no concelho. Para tal, a edilidade já anunciou que pretende contratar especialistas em medicina geral e familiar para o Centro de Saúde local e que providenciará habitação «de forma completamente gratuita» para os clínicos que vierem para o concelho. Segundo o município, que lançou esta iniciativa em articulação com a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, que vai contratar os profissionais, o objetivo é «combater as presentes dificuldades com que esta região se depara devido à falta de médicos, criando-se assim uma atratividade extra para todos os profissionais de saúde devidamente habilitados poderem optar por exercer em Figueira de Castelo Rodrigo e servir condignamente as suas gentes». Segundo a autarquia, pelo menos dois médicos já terão pedido informações sobre esta medida, sendo que os interessados podem obter mais informações através do email cm-fcr@cm-fcr.pt ou telefone 961 258 540.
Luis Martins