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Orçamento da Câmara da Covilhã tem «obras para “inglês ver”»

Oposição acusou ainda o executivo de ter obras inscritas desde 2002

Como seria de esperar, a Assembleia Municipal (AM) da Covilhã aprovou, na última sexta-feira, as Grandes Opções do Plano (GOP) e Orçamento da Câmara para 2009, de montante superior a 89 milhões de euros. Novidade foi o facto dos deputados socialistas terem entrado mudos e saído calados de uma sessão em que a restante oposição foi contundente contra o documento, aprovado com oito votos contra e duas abstenções.

Vítor Reis Silva (CDU) criticou os valores «demasiado optimistas» previstos na cobrança de impostos e taxas, bem como os números «claramente irrealistas» estimados na venda de bens e serviços. Em relação ao Orçamento de 2008, o deputado comunista sublinhou que a «grande diferença» está nas receitas de capital, onde aparecem valores que correspondem a 58,3 por cento do orçamento, «prevendo-se a venda de terrenos e de habitações para financiamento do plano». «É a liquidação total. Todo o espaço e património municipal é vendável para este executivo. Cada vez ficamos mais pobres e mais endividados», acusou. Igualmente cáustico foi o seu colega de bancada, Carlos Gil, para quem a «maioria» das obras previstas para 2009 estão «anunciadas para “inglês ver”», para além de «não responderem minimamente às necessidades» e se «arrastarem ao longo dos anos, de mapa para mapa, caindo de maduras», criticou.

Por parte do Bloco de Esquerda, Ana Monteiro reconheceu que, «em ano de eleições estava à espera que a montanha lá conseguisse, pelo menos, parir um rato, mas apenas temos uma fastidiosa listagem onde as mesmas verbas e as mesmas obras vão sendo inscritas ao longo dos anos». E lá enumerou projectos «inscritos desde 2002 e presentes em todos os orçamentos», como «os aeroportos, as variantes, as urbanizações ou complexos desportivos, sem qualquer utilização à vista». Contra a corrente, José Curto, (PSD) elogiou um orçamento de «prudência e optimismo», além de revelador «do desejo e da certeza de que o importante é o desenvolvimento do concelho e a melhoria sustentada das condições de vida da população». Bernardino Gata também veio a terreiro para acusar o PS de nada dizer «por prudência, por inépcia, ou pelas duas coisas». Pouco depois, Pedro Leitão, socialista que se absteve, juntamente com João Carlos Correia, justificou ter optado pela abstenção por fazer parte da Junta de Freguesia de Vila do Carvalho. Foi o único socialista a pedir a palavra.

Já Carlos Pinto enumerou um conjunto de projectos incluídos no Plano e Orçamento para 2009, como a compra do Teatro-Cine, o Aeroporto Regional, com a aquisição de terrenos, a requalificação da Avenida D’Ávila e Bolama ou o Mercado Municipal da Covilhã, entre outras. Todas devem ser «lidas com a relatividade e as circunstâncias com que as coisas se desenrolam hoje no nosso país, embora haja algumas que são irreversíveis, na medida em que já estão em construção», sustentou.

Ricardo Cordeiro

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