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Oposição acusa Câmara de Trancoso de «má gestão»

Presidente da concelhia do PS diz que a autarquia está «sufocada financeiramente» e que o recurso a empréstimos «só irá agravar a situação»

A concelhia de Trancoso do PS mostra-se «preocupada» com a «má gestão» da Câmara local, liderada pelo social-democrata Júlio Sarmento. Eduardo Rebelo Pinto, presidente da concelhia socialista, disse a O INTERIOR que a autarquia está «completamente paralisada» e numa situação de «sufoco financeiro», que «poderá ser agravada pelo caminho do endividamento sucessivo».

O socialista refere que a recente aprovação em Assembleia Municipal da contração de um empréstimo de cinco milhões de euros junto da Caixa Geral de Depósitos e a candidatura ao Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) vão «complicar uma situação «já de si muito difícil» e tornarão a tesouraria da autarquia «num caos». Eduardo Pinto diz que a Câmara está «em mera gestão corrente» e «completamente impedida de assumir novos compromissos, seja com instituições ou com as Juntas de Freguesia, às quais cortou os apoios nos últimos dois anos». O dirigente denuncia também a existência de dois meses de salários em atraso na empresa municipal Trancoso Eventos, uma situação que «é uma consequência da crise financeira da autarquia». «É um caso único no distrito, o que demonstra a incapacidade de gestão deste executivo», afirma o responsável.

O presidente da concelhia do PS denuncia também a situação das piscinas municipais de Trancoso, que «encerraram para obras há três anos, mas nunca mais reabriram, porque os empreiteiros se recusam a entregar a chave devido ao atraso significativo no pagamento». A situação estende-se às piscinas de Vila Franca das Naves, verificando-se em ambas as infraestruturas «a situação caricata de os funcionários continuarem a apresentar-se e a receber salário para estarem de braços cruzados, o que é duplamente negativo», sublinha o socialista. Eduardo Pinto conclui, por isso, que «não é crível nem aceitável que haja 800 mil euros de folga de tesouraria, como diz o presidente da Câmara, e que depois ocorram situações destas».

Júlio Sarmento «não entende» críticas da oposição

Confrontado com as críticas, o edil trancosense reage «com perplexidade» às acusações socialistas, considerando que se trata de um «jogo político-partidário natural, que começa agora e que irá em crescendo até às próximas eleições». Júlio Sarmento enaltece que, na última Assembleia Municipal, foram apresentadas as contas do primeiro semestre «com um lucro de 21 mil euros», e que a Câmara está «abaixo da capacidade de endividamento» e tem «capacidade para contrair empréstimos de médio e longo prazo», o que constitui um «indicador positivo» e uma «prova» de que a autarquia está em «ótima situação financeira». Sarmento esclarece também que a autarquia «já tinha iniciado, há cerca de um ano, um processo de contração de um empréstimo junto da CGD, no valor de cinco milhões de euros, para pagar a dívida de curto prazo».«Mas entretanto saiu o PAEL, e nós decidimos apresentar uma candidatura para ir buscar 3,6 milhões de euros», refere o autarca, acrescentando que «se a candidatura for aprovada daremos prioridade ao programa do Governo, pois é mais vantajoso». Neste cenário, a candidatura ao empréstimo bancário é «apenas uma garantia», pois o recurso ao PAEL «pode não ser aprovado». «Não contrairemos dois empréstimos, vamos em duas direções mas para escolher apenas uma», esclarece o autarca.

Quanto aos salários em atraso na Trancoso Eventos, Sarmento confirma que existem e refere que o incumprimento se deve ao facto de a autarquia «ainda não ter recebido o visto do Tribunal de Contas para executar o contrato com a empresa», acrescentando que a situação será regularizada «em breve». De resto, o edil indica que vai propor a extinção daquela empresa na Assembleia Municipal de dezembro, uma vez que depende em mais de 50 por cento de capitais camarários, sendo os 41 funcionários «reintegrados noutras funções».

Relativamente às piscinas de Trancoso e Vila Franca das Naves, Júlio Sarmento disse que as segundas reabrirão na próxima segunda-feira, enquanto as primeiras deverão voltar a abrir «no próximo mês». O autarca justifica a demora com o «atraso na formalização das adjudicações» e com a «remodelação completa».

Fábio Gomes Júlio Sarmento rejeita as críticas e diz que a autarquia está em ótima situação financeira

Comentários dos nossos leitores
David Garcia davidgarciamiguez@gmail.com
Comentário:
Já agora, Sr.Presidente, quando integrarem os funcionários da empresa Trancoso Eventos no tacho da Câmara, integre também os da Santa Casa da Misericórdia. Pode ser que assim passem a ter os ordenados em dia, os subsídios de férias e de natal de 2011, o de férias de 2012, uma vez que farão parte da função pública e aí não podem ter salários em atraso(penso que é assim). E já que as contas da Câmara e da Misericórdia já se “misturaram” outras vezes, era só mais uma…
 
João Santos redodi@gmail.com
Comentário:
Se o município está de tão boa saúde financeira, não entendo como é que continua a dever largas centenas de milhares de euros à empresa privada Chupas e Morrão, contribuindo assim para o aumento do desemprego no município de Trancoso. Não consigo perceber como é que se constroem duas piscinas municipais no mesmo concelho e se consegue fazer a proeza de manter ambas fechadas e com os funcionários a receber os seus ordenados. Se isto não é gestão danosa, o que será? Enquanto houver municípios e empresas municipais a serem geridas desta forma nunca estaremos em pé de igualdade com as principais economias mundiais, pois não sabemos gerir de forma eficiente os nossos recursos.
 

Oposição acusa Câmara de Trancoso de «má
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