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Opel adia despedimentos na Delphi

Sindicatos atribuem nova encomenda ao «empenho» da administração e refutam eventuais aproveitamentos políticos

Os trabalhadores da Delphi da Guarda entraram ontem de férias com a certeza de que não haverá despedimentos até ao final de 2009. O motivo de mais um adiamento vem novamente da Roménia, de onde foi deslocalizada uma encomenda de cablagens para uma carrinha da Opel. A vinda deste projecto foi confirmada na última segunda-feira pelos responsáveis máximos da multinacional norte-americana em Portugal, que reuniram com os sindicatos na fábrica da Guarda-Gare. Tudo indica que possa arrancar já a partir de 11 de Agosto.

«A administração comunicou que 400 pessoas têm trabalho assegurado nessa linha de produção até Dezembro do próximo ano. Depois, é uma incógnita, porque a intenção de dispensar pessoal mantém-se se não houver encomendas», adiantou o delegado do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM), acrescentando que aquele foi o número referido pelos responsáveis da Delphi – inicialmente, estavam em causa cerca de 540 postos de trabalho. Até lá, José Ambrósio, que também integra a Comissão de Trabalhadores da empresa de cablagens, quer saborear «este momento especial» e só depois pensar no que fazer. «É um grande alívio para os funcionários que estavam em risco de ser dispensados, mas também para todos os outros», considerou, dizendo que a administração garantiu aos sindicatos que vai «continuar a trabalhar para que venham mais projectos para a Guarda». No que toca aos trabalhadores, José Ambrósio assumiu o seu empenho para que a unidade permaneça «uma referência para o grupo Delphi e também uma fábrica de excelência».

Nesse sentido, o sindicalista revelou que o facto de haver «mão-de-obra qualificada» na Guarda foi um dos motivos que justificaram a vinda desta encomenda da Opel. «Deve-se também à postura e profissionalismo dos trabalhadores, que, durante todo este processo, nunca descuraram as suas obrigações e sempre cumpriram os objectivos traçados pela empresa», recorda. Neste quadro, quem fica mal são os políticos. «Não houve qualquer envolvimento de outras entidades para além da administração da Delphi Portugal, que negociou e teve todo o trabalho. Quem vier agora para recolher “os louros”, será mal recebido pelos trabalhadores», avisa, criticando o facto do ministro da Economia ter assumido, no ano passado, um protagonismo que «se verificou não ser dele». José Ambrósio confirmou também que a administração está «atenta» à possibilidade de produzir carros eléctricos, dado que a fábrica mantém as linhas de produção da antiga unidade da Renault.

Contudo, ainda não é desta que as incertezas acabaram na Delphi da Guarda. É que o fim da encomenda da Opel vai coincidir com a conclusão da linha da Ferrari. Ou seja, «é mais um problema», assume o dirigente sindical, embora acredite que a administração volte a fazer milagres. «Esperemos que continuem a trabalhar como têm feito até aqui e que, no final de 2009, possamos anunciar a chegada de novos produtos», disse. Actualmente, a Delphi da Guarda emprega cerca de 1.050 trabalhadores. Há um ano atrás, um contrato de produção de cablagens para a Fiat, deslocalizado à última da hora da Roménia, evitou o despedimento de 540 pessoas. A medida estava prevista avançar no segundo semestre deste ano caso não houvesse novas encomendas.

Luis Martins

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