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Opções em tempos de crise

Editorial

1. O Parque Industrial da Guarda há muito que apresenta uma imagem confrangedora. É um péssimo cartão-de-visita para quem ali está instalado ou lá trabalha. Quanto mais para quem possa ter interesse em ali investir.

Em 2008 foi prometida a requalificação, entretanto adiada, e as verbas previstas para essa intervenção acabariam por ser canalizadas para outras obras. Assim, passados três anos, o anúncio de que finalmente a autarquia tem, de novo, um projeto de intervenção para a zona industrial é positivo, porém, os trabalhos só deverão arrancar no segundo trimestre do próximo ano, ou seja, se tudo correr bem em 2013 o Parque Industrial da Guarda deixará de parecer um loteamento empresarial terceiro-mundista (que é o que agora parece). Curiosamente, o anúncio de requalificação em 2008 serviu para “mostrar serviço” na campanha para as eleições de 2009 e a efetiva (?) intervenção deverá servir como uma das bandeiras nas próximas eleições autárquicas de 2013. Ainda bem que há eleições…

2. A decisão da Câmara da Guarda de suspender durante a próxima época desportiva os apoios anualmente atribuídos a colectividades pode surpreender, mas é uma medida acertada nas atuais circunstâncias económico-financeiras. Mal era continuar a conviver com a atual situação de atribuição de subsídios que depois não eram liquidados em tempo útil, induzindo os clubes em facilitismos e, pior, na contratação de encargos e responsabilidades supostamente suportadas por apoios que depois tardavam meses ou anos até serem cobrados. Assim, as colectividades sabem com o que contam e, se querem manter a atividade, não fazem orçamentos assentes num equívoco ou em promessas.

Mas esta opção compreensível no quadro de grandes dificuldades em que se encontra a autarquia, e o país, tem um reverso complicado: o futuro do desporto no concelho. Longe vão os tempos de uma sumptuosa euforia em que a Câmara quis impor o slogan “Guarda cidade desporto”, sem argumentos que suportassem tal devaneio mas no qual se gastou muito dinheiro. Na verdade, não houve atividade desportiva que se afirmasse na cidade (com grande condescendência, porventura o desporto motorizado…), nem clube desportivo que assumisse a liderança regional ou protagonismo nacional – com associados, praticantes, etc. E, mesmo sendo certo que pelo meio houve um ou outro lampejo de sucesso, do atletismo ao xadrez, nunca houve razões para grande euforia por resultados desportivos e, pior, nunca houve uma política e um planeamento para o sector – o que havia era a distribuição, quantas vezes ad hoc, de verbas por alguns clubes (e só recentemente com critério definido). As colectividades que sobrevivam a esta nova e dura realidade terão um problema acrescido: irão competir com clubes cuja atividade é altamente suportada pelos respetivos municípios. Ou seja, os clubes da Guarda vão sentir imensas dificuldades para subsistir e ainda mais para competir, mesmo na região. Esperemos que, entretanto, a autarquia aproveite para estudar e planificar o futuro do desporto no concelho…

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
clara costa clara.costa1957@gmail.com
Comentário:
Sr. Luís Martins, gostaria de concordar consigo relativamente ao texto apresentado mas… Se no que diz respeito ao Parque Industrial nada tenho a dizer. Relativamente ao Desporto discordo totalmente de si… a autarquia tem apoiado imenso determinadas coletividades que nada têm feito pelo desporto, pelos atletas e pela cidade. Apesar disso há ( deveria pesquisar um pouco mais) bons atletas e que têm obtido bons resultados em termos nacionais. Apenas 3 exemplos: BTT, Escalada e atletismo. Claro que estes resultados não se devem aos apoios da autarquia mas ao esforço dos envolvidos. Cumprimentos.
 

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