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Onze graus é frio

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Esta manhã senti frio ao sair de casa e olhei para o termómetro: 11º. Pensei assim, há milhares de pobres diabos, ou pessoas fugidas, ou migrantes, ou meninos muçulmanos, ou que nomes lhes queiram dar, que estão em jardins da europa, em ruas e estradas, sem casas de banho, sem uma água quentinha, sem uma escova de dentes, e esperam que os novos burgueses da europa (minúsculas de propósito) com casas subsidiadas, salários de mais de 15.000 euros mensais, com carros emprestados, com regalias incontáveis, lhes decidam dar a mão. Gostava de os ver à espera em lugares condignos, com apoios dignos, com gente a trabalhar nos registos, na higiene, na saúde. Gostava de os ver distribuídos por cada paróquia da europa (dava milhões de lugares e evitava guetos), recebidos por cristãos em lição de tolerância. Uma criança a morrer de frio ou de fome na europa é, no mínimo, muito triste e deprimente. Eu hoje de manhã saí sem o casaco e tive frio… Em Berlim deve estar um tormento! O que se passa com esta onda de gente que foge de países mal acabados obriga-nos a refletir, mas sobretudo a agir. Há que ser muito mais rápido, construir mecanismos de solução que transportem conforto, emprego, dispersão para que a onda termine num lago onde podemos remar.

Por: Diogo Cabrita

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