Quando chove as crianças ficam mais em casa e mais perto das mães, e se chove com relâmpagos fortes eles se recolhem ao regaço da mãe. Assim se gasta o nome “mãe”
-oh! Mãe!
E correm para elas e agarram-se a elas, adormecem junto delas e aconchegam-se com figura fetal no colo das mães.
– Mãe! Oh. Mãe – e brincam próximos, como quando vêem carros rápidos nas ruas, e como se aproximam ao ver de um cão grande. A chuva cai forte e as crianças são das mães. A chuva lá fora bate nas janelas forte e conturbada, sem ritmo e sem lógica, com o vento que a arrasta forte umas vezes e docemente outras.
A chuva aconchega a família, prende as pessoas na sala grande e acaricia o corpo nos lençóis. Um fim-de-semana chuvoso é uma força quente. Claro que esta visão romântica se deslaça na TV sempre a interromper o diálogo na intolerância do ruído de sermos muitos num espaço exíguo, na decisão do canal, na conversa gritada, na temática redutora. A chuva permite que um lançamento de um livro seja um sucesso, com os amigos a afagarem a coragem de quem se expõem. A chuva traz as pessoas às salas agradáveis e aos acontecimentos dentro de portas. Por isso sorrimos quando lá fora a chuva cai. Ontem fiquei feliz com o lançamento do livro da Carla Freire e da Cláudia Quelhas. È um livro de desenhos da Cláudia e um pequeno texto doce da Carla. A magia foram as crianças que se aproximaram desta estreia num dia em que a chuva cai e a Carla é sobretudo Mãe. Como editor a Artez ficou honrada com o talento da Cláudia e com uma mãe que se expõem de modo tão bonito.
Por: Diogo Cabrita