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Obras da ETAR de São Miguel vão arrancar

Depois da requalificação vai ser a maior e a mais sofisticada infra-estrutura do sistema da AZC

Finalmente, o mau cheiro e o ruído que emana da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de São Miguel, Guarda, vai ficar resolvido, para bem dos moradores da zona envolvente. As obras de requalificação e duplicação da capacidade da estação de tratamento vão começar já nas próximas semanas. Depois de assinado o contrato da consignação, na passada segunda-feira, os empreiteiros têm vinte dias para iniciar as obras.

Segundo João Damasceno, director de Exploração da AZC, a ETAR de São Miguel «está no limite da sua capacidade de tratamento», acrescentando que «quando nós chegámos já havia alguns problemas de funcionamento». Por outro lado, a tecnologia que está instalada, nomeadamente «na parte da desidratação de águas é antiga», explica. Por isso, a desidratação é feita por meio de leitos de secagem, «que não isolam os cheiros», mas, por outro lado, a parte de digestão de lamas também «não está a funcionar da melhor maneira», confessa João Damasceno. Daí as «dificuldades» em operar aquela instalação sem emanar cheiros, lamenta o responsável. Por tudo isto, e no âmbito dos investimentos a realizar pela AZC, aquela estação de tratamento vai sofrer uma duplicação da capacidade de tratamento e uma introdução de sistemas de tratamento mais evoluídos que «permitem resolver todos os problemas, tanto os cheiros, como os ruídos», sublinha o engenheiro. Assim, durante um ano as obras vão ser executadas sem constrangimentos, pois «vão ser realizadas sem interromper o tratamento», destaca o responsável. No entanto, a área ocupada também não vai aumentar, pois «os antigos leitos de secagem é que vão dar lugar à nova linha de tratamento». A obra vai custar cerca de 2,25 milhões de euros. Mas também vai ser «a maior ETAR do sistema da AZC», com capacidade para 60 ou 80 mil habitantes, realça o director de exploração da empresa.

Uma das vantagens da nova estação de tratamento é de que vai dispor de uma última linha de tratamento, «chamado tratamento terciário», o qual permite adequar a qualidade do efeito final à rega de espaços verdes. Por outro lado, os maus odores vão desaparecer graças ao novo sistema de desodorização. Desde que começamos a operar com esta infra-estrutura «já fizemos algumas melhorias», no sentido de cumprir os regulamentos de descarga, se bem que, «com algumas dificuldades, pois não é possível estar funcionar a cem por cento todos os dias», lastima o responsável. De facto a estação de tratamento de São Miguel tem sido, frequentemente, fiscalizada pelas inspecções regulares do Ministério do Ambiente, e os resultados comprovam que esta infra-estrutura «está a cumprir minimamente os fins a que se destina», assegura o engenheiro.

Toda a parte da obra de entrada, «do tratamento preliminar vai ser modificado», com a introdução de dois sistemas, um para a remoção de areias e outro para óleos e gorduras. Isto porque se tem constatado que «o sistema actual não é suficiente, pois há uma grande afluência de areias um pouco anormal para uma cidade do interior», destaca.

Na linha antiga, vão ser realizadas determinadas alterações de modernização, nomeadamente, no sistema de oxigenação do afluente, substituindo as turbinas por um sistema mais eficaz que consiste em compressores. Deste modo, o barulho das turbinas que alguns dos moradores se queixavam vai desaparecer, visto que «este novo sistema é mais silencioso», refere.

A nova linha consiste num método mais evoluído, com uma série de optimizações, como um sistema de carrossel, que permite logo a nitrificação e desnitrificação. De qualquer forma, estas duas linhas do tratamento biológico «vão fazer o mesmo», explica João Damasceno. As obras de duplicação vão ser executadas onde estão actualmente os leitos de secagem, os quais vão passar a ser realizados num edifício coberto, que vai estar equipado com duas centrífugas, as quais desidratam as lamas vindas da primeira e da segunda linha. A infra-estrutura vai ser ainda dotada de sistemas mecânicos de desodorização das lamas, com equipamentos fechados e por isso «já não vamos tratar as lamas a céu aberto», salienta o engenheiro. Há ainda uma nova unidade para receber afluentes de fossas cépticas. De resto, outra das novidades, é que esta ETAR é das poucas que já tem afixada na entrada, a licença da descarga e a informação das análises realizadas periodicamente. O que se traduz «numa maior exigência para a empresa e em confiança nos colaboradores», conclui o engenheiro João Damasceno.

Patrícia Correia

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