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O sentido da visão

Mitocôndrias e Quasares

Todos os animais estariam perdidos se não pudessem captar com os sentidos grande parte do que acontece à sua volta. Sem a capacidade para receber estímulos provenientes do exterior, não poderiam caçar nem vigiar os seus inimigos, nem encontrar par para assegurar a sobrevivência da espécie. Os animais captam os estímulos exteriores por meio de células sensoriais e através de células nervosas enviam-nos ao sistema nervoso central, onde são elaboradas as respostas.

De todos os processos relacionados com a elaboração de sinais, o da visão é aquele que foi melhor estudado. Tanto no homem como nos restantes mamíferos, a luz atravessa a córnea, o cristalino, o corpo vítreo e duas camadas de células nervosas, antes de ser captada, na parte posterior do olho, pelas células fotossensoriais. Estas células contêm pigmentos que absorvem a luz.

O homem conta com dois grupos de pigmentos visuais, a rodopsina e três variedades de iodopsina. Cada um destes pigmentos capta comprimentos de onda diferentes. A rodopsina absorve luz de baixa intensidade, como por exemplo, a crepuscular. As células fotossensoriais que a contêm, transmitem apenas imagens a preto e branco. A iodopsina, por seu lado, é responsável pelas imagens a cor. Os quatros pigmentos possuem uma antena idêntica para captar a luz. Estes pigmentos diferenciam-se unicamente pelo elemento responsável pela seleção do comprimento de onda, correspondente à luz vermelha, azul ou verde, que deve captar-se.

As células que contêm rodopsina chamam-se “bastonetos”, e “cones” as que contêm qualquer das três variedades de iodopsina. Cones e bastonetes são irregularmente distribuídos pela retina. Na zona da retina com maior resolução abundam os cones, enquanto na periferia, isto é, até ao cristalino, aparecem, preferencialmente, bastonetes.

Tanto nuns como noutros, os pigmentos alojam-se em feixes formados por 1.500 lâminas membranosas empilhadas que ocupam por completo, o interior das células fotossensoriais.

Formação das imagens

A particularidade do processo visual propriamente dito, consiste em que as impressões ambientais captadas pelas células fotossensoriais são decompostas múltiplas vezes e, enquanto não se realiza toda uma série de comparações e abstrações, não se forma o que identificamos como “imagem”.

O primeiro passo está a cargo das células ganglionares da retina onde, de momento, se analisam os contrastes espaciais. A retina é formada por muitas centenas de campos recetivos de pequeno tamanho e forma arredondada onde estão contidas as células visuais. Cada um destes campos é composto por uma parte central que estimula o gânglio seguinte, e por uma camada exterior que provoca o efeito contrário, quer dizer, ao ser ativada, inibe o gânglio anterior. Outros campos recetivos reagem exatamente ao contrário.

O funcionamento combinado dos dois tipos de campos recetivos intensifica os contrastes entre os tons claros e escuros na imagem da retina.

A facilidade com que se reconhecem os objetos escuros situados sobre um fundo claro como, por exemplo, as letras desta página, obedecem a este mecanismo intensificador.

Após esta primeira elaboração, os dados da imagem são processados no cérebro por, no mínimo, outras vinte classes de células nervosas diferentes do córtex visual. Cada uma destas fases pode comprovar-se anatomicamente. Neste sentido, constituem filtros para determinadas propriedades de estímulo correspondente, analisando ainda a imagem primária em função de critérios geométricos determinados.

Certas células nervosas do córtex visual reagem, sobretudo, perante uma determinada disposição espacial claro-escuro; outras reagem somente com comprimentos e ângulos concretos; outras só são ativadas ou inibidas por determinadas reações simétricas entre as diversas partes da imagem, e outras, finalmente, registam as interrupções nos contornos ou nas fusões de linhas. Após o processamento de dados na córnea visual, a cargo de cerca de 300 milhões de células nervosas, em apenas duas milésimas de segundo obtém-se um modelo de impulso, definitivo, que na nossa consciência se converte numa “imagem”.

Para concluir vamos olhar para uma curiosidade. Uma corrida de touros de morte seria impensável sem uma capa vermelha. Contudo, a cor vermelha só é vista pelos espectadores, não pelo touro. Este é incitado pelo movimento da capa, pois os touros, como quase todos os mamíferos, não distinguem as cores. Os seus olhos só contêm bastonetes, responsáveis pela visão a branco e preto.

Mas colocando de lado a touradas, utilizemos o nosso aparelho de visão para observar a Lua que por estes dias nos tem proporcionado belas imagens!

Por: António Costa

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