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O Recurso Humano

Vox Populi

“Humildade” e “capacidade de reconhecimento/elogio” não são por norma qualidades atribuídas aos portugueses. Na Guarda, este fenómeno expressa-se de forma ainda mais evidente. As honrosas excepções, apesar de estarem crescendo, só confirmam a regra.

Se nos colocarmos no plano político, mais raro se torna encontrar “agentes” que sejam capazes de elogiar o que outros fazem bem, em particular se esses “outros” são do(s) partido(s) adversário(s). Sou dos que tento ser excepção e, portanto, analisar as situações de forma objectiva e sobre elas concluir avaliando-as sem olhar aos circunstancialismos e muito menos a quem são os autores. A experiência de gestão em empresas ajuda bastante a este posicionamento.

Não é de estranhar assim que no Balanço Social da Câmara da Guarda (documento que, felizmente, todos os anos a lei impõe que se realize) e em 440 funcionários, não tenha havido registo de uma única distinção por mérito – sou testemunha de que, pelo menos na área financeira, havia uma proposta, obviamente não aceite. É esta realidade (o número de funcionários), que muitos consideram sobredimensionada, que devemos desde já considerar o principal recurso existente na Câmara. Colocando de lado as múltiplas razões que levaram a tal número, julgo que importa agora avaliar que estratégia assume “o novo poder” perante tal facto.

O novo executivo é de cumprimentar pelos primeiros indicadores (alguns necessitam de confirmação) .

1- Os recursos humanos, porque considerada “área estratégica”, são da responsabilidade directa do presidente. Gerir recursos humanos tem que passar por dar oportunidade a todos para que demonstrem empenhamento, capacidade e qualidade na resposta aos desafios. E só depois avaliá-los, corrigindo trajectórias quando necessário e formando-os, se de tal forem carenciados e demonstrarem capacidade para rentabilizá-la.

2- Conseguiram com a “prata da casa” preencher gabinetes – o temor de entrarem alguns “boys” desvaneceu-se.

3- Cancelaram um conjunto elevadíssimo de processos de admissão (chegou a falar-se em 160 pessoas) para primeiro gerir os recursos existentes.

4- Evitaram-se nomeações “políticas” onde tal não era necessário (excepção das empresas municipais), reconhecendo méritos e capacidades. Basta pegar no bom exemplo da nova coordenadora do Centro de Estudos Ibéricos, que, desempenhando já tal função, mais não se fez que o óbvio – quem tem qualidade deve ter a oportunidade. Ao colaborador louva-se o aceitar o desafio mesmo, e principalmente, quando ele não traz obrigatoriamente mais mordomias, vencimento ou promoção.

5- A encomenda de um estudo estruturado e sério da actual estrutura, competências e funções com a correspondente fixação de objectivos, primeira etapa de uma avaliação individual e colectiva impõe-se como forma de tornar clara esta nova forma de querer gerir o (repito) principal recurso que a instituição tem.

Tudo sem autoritarismos desnecessários, sem avaliações da situação apressadas ou precipitadas ,sem uma gestão do dia a dia de impulsos, que possa deitar por terra tão nobres objectivos. A delegação de competências nesta área deve ser acompanhada e desprovida do espírito de “ajustes de contas” que quase sempre norteiam esta gestão. A hora tem que ser de todos e não de alguns, se quiserem requalificar os “serviços, rumo à certificação”, que a CMG tem que prestar aos seus munícipes. O meu cumprimento à abordagem global da gestão de recursos humanos. De tal estratégia só podem resultar ganhos para todos. Parabéns.

Da oposição, apenas a referência que a matéria considerada importante e digna de conferência de imprensa foi a proposta de expulsão de três militantes. É pouco até porque estes assuntos deveriam e têm sido tratado como “assunto interno”.

Por: J. L. Crespo de Carvalho

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