P – Passados cinco anos, pode dizer-se que foi uma aposta ganha a criação do Museu Arqueológico do Fundão?
R – Absolutamente, e achamos que essa aposta foi ganha na medida em que o museu tem demonstrado a vitalidade inerente a um organismo que não se pode compadecer com as disponibilidades financeiras para com a cultura, mas procura inovar e encontrar meios para subsistir e, sobretudo, afirmar-se num quadro de vitalidade cultural como é aquele onde o museu está inserido.
P – Quantos visitantes já teve ao longo deste período? É um número satisfatório?
R – Já recebemos cerca de 9 mil visitantes. É um número que satisfaz, embora gostássemos que fosse superior. Mas mais do que atender ao número de visitantes é sobretudo importante atender ao número de vezes que o museu é solicitado para colaborar em trabalhos académicos, escolares e nas próprias visitas ou no nosso programa de voluntariado.
P – Os visitantes são oriundos principalmente da Beira Interior ou vêm de outras zonas?
R – Chegam de todos os pontos do país e também de Espanha, porque, embora o museu seja municipal, o nosso âmbito não se cinge a uma esfera meramente local e a própria conceção do museu apostou em universidades portuguesas e também espanholas e as nossas parcerias são feitas a nível ibérico exatamente para garantir a universalidade que deve assistir a estes espaços. Portanto, o público que nos visita corresponde também à aposta internacional que fizemos.
P – As várias distinções recebidas ao longo dos anos atestam a qualidade do espaço?
R – Suponho que sim. Penso que são autênticas porque não caminhamos, nem fazemos os trabalhos para ganhar prémios, mas quando eles acontecem é sinal de que todo um trabalho está a ser reconhecido. Devo dizer que se o fim último de um museu é precisamente um fim pedagógico junto das camadas escolares, o prémio de museu com melhores serviços educativos deste ano teve um sabor especial porque, no fundo, a missão dos museus é educar, em parceria com outras instituições, nomeadamente a escolar e universitária. Contudo, recebemos este prémio com particular agrado porque acho que o objetivo máximo de um museu prende-se com os serviços educativos.
P – O espólio tem sofrido alterações ao longo dos anos?
R – Tem tido alterações e este ano, por ocasião do quinto aniversário, vamos introduzir algumas peças. Temos escavações arqueológicas do período romano, nomeadamente umas termas que estamos a escavar em Castelo Novo, nas Termas Romanas do Ervedal. É um programa aprovado pelo Igespar e com a ajuda dos nossos voluntários. O voluntariado é uma das componentes mais fortes do museu, já que temos cerca de 40 voluntários e são eles que connosco, e também com a Sociedade Trebaruna – Associação de Amigos do Museu, têm dinamizado todos os nossos conteúdos programáticos.
P – Há novos projetos que pretenda implementar?
R – Sim, a nossa conceção passa por ter um museu polinucleado. Temos vários núcleos e queremos abrir mais, designadamente aquele que diz respeito às atividades em curso das escavações arqueológicas. Queremos abrir um espaço, seja onde for, sobre as termas romanas que possa ser um Centro de Interpretação da própria vivência termalista romana. É o projeto mais imediato que gostaria de concretizar, se bem que temos vários programas educacionais, de parceria. Temos o “Arqueologia sem fronteiras”, em que procuramos que os nossos voluntários conheçam a realidade além-fronteiras, ou seja, estão a escavar umas termas romanas e nós levamo-los a vários sítios da Península Ibérica para conhecerem ruínas romanas. Temos um projeto educativo que se chama “A escola como museu, o museu como escola” e ainda outro que é o “Ciência Lúdica”, onde as crianças, através das escavações e dos conteúdos científicos, têm a componente lúdica. O objetivo é criar um espaço comum entre a ludicidade e o seu desenvolvimento científico delas.