Os desafios são muitos e sobretudo implicam um grau de exigência e de maturidade nas decisões aos quais ainda não estamos habituados. Colocamos, e bem um patamar de excelência, patamar esse que é quantificado em metas muito precisas. Se é certo que não haverá sectores de actividade privilegiados, é clara a obrigatoriedade de cada um dos projectos ter que contribuir para a execução de um conjunto de indicadores.
O CEC contribuiu para a construção do CRER 2020, programa operacional da Região Centro que irá implementar na Região o Portugal 2020, bem como na definição do RIS3+. A participação no processo de construção dos documentos estratégicos, determina estar solidário e assumir as metas e objectivos que a região pretende atingir. A metodologia que esteve subjacente à elaboração do quadro referencial ao programa operacional para a região apelou à participação clara dos agentes económicos, todos tiveram oportunidade de expressar as suas opiniões e ideias o que consideramos um esforço notável por parte da CCDRC.
É neste contexto que nos revemos sem qualquer dúvida nas metas do crescimento da competitividade da Região Centro, na criação de Valor Acrescentado, no reforço da Coesão Territorial, na preocupação com as pessoas e com a qualificação dos Recursos Humanos e na capacidade para os reter de forma que façam parte da mudança. A obtenção de resultados nestas áreas terá uma influência decisiva no tecido produtivo e facilitará a prossecução para o quadro estratégico que envolve as empresas. Os desafios identificados como básicos e considerados mais relevantes foram devidamente elencados e objeto da atenção devida. Contudo gostaria de realçar que houve uma evidente preocupação, em termos conceptuais, que este quadro de apoio crie condições para que se estabeleçam parcerias eficazes entre empresas e sistema de ensino superior. O Acordo de Parceria aponta para que se exista uma efetiva integração entre ciências e empresas e este posicionamento da Comissão pode levar a que se passe do campo das intenções à prática.
Está claro para todos os agentes económicos que as Instituições de Ensino Superior fazem parte da solução no que respeita à alavancagem da modernização de processos produtivos, da inovação de produtos e na ligação às cadeias de valor. O Portugal 2020 é uma oportunidade única para podermos mudar o estado da arte no que se refere à ligação entre quem produz conhecimento e ciência e as empresas. O reforço de investimento em inovação em I&D por parte das empresas terá sempre que acontecer porque é a solução e o melhor é que aconteça com as instituições de ensino superior, o que determina que se encontrem rapidamente formas de “encontro” e interesses de quem procura e de quem tem para oferecer, que se perceba as necessidades das empresas e se repensem as prioridades para possibilitar o envolvimento e a transferência de conhecimento.
A necessidade de introduzirmos modernidade e processos inovadores, que promovam alterações que se traduzam em vantagens competitivas está em linha com o debate da reindustrialização da Europa. O peso da indústria no PIB europeu é de 16% e o objetivo é chegar aos 20% em 2020, este valor é ainda abaixo do valor encontrado em Portugal, que segundo os dados publicados em 2011 se cifrava em 24% do PIB e acolhia cerca de 25% dos empregos. Este debate da reindustrialização no espaço europeu tem sido feito debaixo do pressuposto de que é preciso estimular a investigação e o desenvolvimento e reposicionar a Europa na vanguarda da pesquisa e na produção científica.
A alteração do perfil produtivo do País estará ligada à intensidade produtiva e à produtividade, à qualificação, mas também aos custos de contexto, à criação de estruturas de logísticas vocacionadas com a exportação. O desafio que fica claro para as empresas e empresários é de serem capazes de estarem preparados para a oportunidade que se apresenta, o que implica estarem capitalizadas convenientemente, por terem a dimensão certa para poderem investir, por terem as competências para produzirem as modificações acertadas, por conseguirem articular com os sistemas de inovação.
O Horizonte 2020 tem como desígnio criar uma Europa empreendedora e inovadora. Parece que não podemos escapar da aposta no empreendedorismo e na inovação como pilares do futuro da Região e do País. Temos que procurar que a Região esteja no patamar das regiões inovadoras da Europa e no mínimo retomar o lugar que já tivemos como região entre as 100 mais inovadoras da Europa.
Por: José Couto
* Presidente do CEC