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O plano

No ranking de 2018 da Bloom Consulting o município da Guarda está em 11º lugar na região Centro e em 48º no país. Melhorou um lugar a nível nacional em quatro anos, mantendo-se na mesma posição na região. Estamos atrás da Covilhã, de Castelo Branco, de Viseu, de Bragança, de Vila Real, de Évora, de Beja, tal como estávamos em 2014. Nas capitais de distrito do interior, estamos apenas à frente de Portalegre (79º lugar nacional agora, 81º em 2014).

O ranking procura estabelecer quais os melhores lugares para se viver, investir ou visitar, partindo da análise de dados estatísticos sociais, turísticos e económicos, da frequência das pesquisas online, demonstrativas ou não de interesse ou de dinâmica, ou do estudo da perceção geral sobre cada município, favorável ou não.

Estes estudos, tais como os valores divulgados pelo INE, ou os tratados pela PORDATA, por exemplo, são importantes elementos para a governação e a escolha de políticas de desenvolvimento e mostram se o que se está a fazer resulta ou se, pelo contrário, não adianta nada.

Os rankings são importantes, mas a comparação com os vizinhos não chega. Mais importante do que isso é apreciar valores absolutos em aspetos como a natalidade, o poder de compra, os fluxos populacionais, a criação ou a perda de emprego.

A perceção geral é que se está a sair da crise começada a nível global em 2008 e que levou à intervenção da “troika” em 2011. Mas e aqui? Recuperaram-se os empregos perdidos, voltaram os muitos que emigraram, as empresas que abriram compensam as que fecharam? Fala-se agora de uma recuperação da construção civil e da subida do valor das casas – no país. Na Guarda, isso não parece acontecer ou então acontece mais devagar e com mais dificuldade. As maiores empresas de construção civil fecharam já há anos e não foram substituídas. Há mais trabalho para quem aguentou, mas nada que se pareça com o volume, aliás excessivo, dos anos 90 do século passado. A oferta do mercado imobiliário é enorme e quem quer vender não vê modos de o conseguir, a não ser ao desbarato. Entretanto, a taxa de IMI é a máxima e as taxas de juros ameaçam voltar a subir…

É verdade que o consumo parece estar em alta, com a abertura de novos espaços comerciais, mas isso diz muito pouco sobre os aspetos mais fundamentais da economia e em pouco ou nada nos diferencia, para melhor, dos nossos vizinhos.

Recordo agora a propósito de tudo isto um agora esquecido plano de desenvolvimento do concelho, de que muitos não recordarão sequer os traços essenciais. Recordo, vagamente, intenções de aposta no turismo e na saúde. E agora, qual é o plano?

Por: António Ferreira

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