1. O Orçamento de Estado (OE) para 2013 deverá passar à história como o maior plano de confisco sobre os cidadãos que se fez em Portugal. Muito para além da austeridade em que vivemos e da destruição da economia em que há muito mergulhámos, a brutal carga fiscal imposta é insustentável. Portugal vive um contexto de dificuldades generalizadas em que o empobrecimento da população é a única certeza.
O défice continua incontrolável, a dívida pública é cada vez mais alta, o desemprego atingiu taxa recorde e a produtividade continua a ser das mais baixas da Europa, e em recessão pelo menos por mais um ano, Portugal está condenado a continuar a ser uma pequena economia dependente dos credores.
Mas haverá alternativa? O debate sobre as funções do Estado põe a nu opções ideológicas, mas também a completa incapacidade de encontrar soluções que vão para além do aumento de impostos. Na verdade, num país em que 80 por cento da despesa pública é para pagar salários e pensões haverá mesmo alternativa?
Em uníssono, todos os políticos e comentadores dizem que é preciso cortar na despesa. Mas cortar em que despesa? Na Saúde não se pode cortar dizem os médicos e enfermeiros; na Educação também não, afirmam os professores, pais e alunos; na segurança nem pensar, pelo contrário até se aumentam as graduações na PSP e na GNR como se tivessem mais direitos que os demais portugueses; nas freguesias também não porque o choradinho dos presidentes de Junta vale o que vale… Enfim, todos defendem que tem de haver cortes no quintal do vizinho, mas quando chega ao próprio… Assim não é possível baixar a despesa. E entretanto vamos ter um OE em que todos os portugueses serão espoliados. Em que os mais pobres e remediados irão perder poder de compra e em que os sacrifícios não servirão para nada, porque, afinal, tudo continua na mesma: O Portugal dos direitos adquiridos, das benesses e amiguismo continua por aí…
2. As obras da rotunda da Ti Jaquina, a ritmo lento, vão complicando a vida dos guardenses, como se previra. Será a obra do regime. A intervenção do “arco comercial” (designação incompreensível) servirá apenas para melhorar o pavimento, embelezar a zona e requalificar a velha rotunda onde durante 36 anos esteve plantada uma barraca comercial, que parece deixar saudades a muitos guardenses. Na prática, é daquelas obras que durante anos contribuíram para o regabofe português, nem sequer chega a ser “festa da arquitetura”, porque os milhares de euros a gastar não erguem sequer uma obra de arte merecedora de admiração. Vai ser uma grande rotunda, isso sim, como tantas outras que se foram plantando pelo país e renderam votos, como esta haverá de render… Quando os guardenses suspiravam pela ligação direta à VICEG, com a alameda tantas vezes anunciada e mais uma vez adiada, gastam-se mais uns milhares a alargar e a embelezar uma rotunda. Que investimento estruturante para a cidade!!
3. Na semana passada faleceu uma senhora num acidente de viação que envolveu uma viatura ligeira e um autocarro na EM 530, entre Casal de Cinza e a Guarda. Houve ainda três feridos graves e podia ter acontecido uma tragédia muito maior se considerarmos que no autocarro viajavam duas dezenas de crianças que não ganharam para o susto, mas que saíram ilesas ou com ligeiras escoriações.
Esta foi a segunda vítima mortal num acidente naquele fatídico local nos últimos 30 dias. Reitero o que escrevi na edição de 4 de outubro: A forma como o acidente ocorreu, e para além de qualquer análise de responsabilidades ou circunstâncias, atesta que aquela curva e contracurva, à saída do viaduto sob a A23, é um dos pontos negros da região. Um local onde há todas as semanas acidentes e onde no último mês houve duas mortes, numa via onde estas duas curvas foram um clamoroso erro de construção e cuja manutenção é um atentado. A correção daquela via é urgente.
Luis Baptista-Martins