O Primeiro Ministro de Portugal, na sua comunicação ao país da passada segunda-feira, foi mais do mesmo. Estamos habituados às suas tiradas demagógicas, às suas tentativas de vitimização e à forma hábil que utiliza para responsabilizar terceiros por erros cometidos na governação do país, tentando fazer esquecer que o PS tem sido poder nos últimos 14 dos 16 anos de governação.
Esta comunicação de José Sócrates consagra as linhas mestras da máquina de propaganda do seu governo. Eu vi um verdadeiro ator candidato a um Óscar e ainda um Primeiro Ministro “À Rasca”, tentando justificar o injustificável, tentando chamar de tolos e ignorantes, os milhares e milhares de portugueses que, diariamente se manifestam contra as politicas anti-sociais e anti-nacionais que o seu governo tem vindo a implementar.
O comportamento do governo e do seu Primeiro Ministro, no quadro do PEC 4, é matreiro, porque foge ao percurso democrático e institucional, irresponsável, porque se alheia das dificuldades com que confronta o povo e revela má-fé, ao tentar atirar para cima de terceiros a responsabilidade de serem encontradas soluções para problemas que ele próprio criou, ao longo de muitos, muitos anos de poder.
Utilizou, como justificação o tão exigido corte na despesa, mas que despesa? O continuado corte nos salários, nas reformas, nos apoios sociais de que dependem muitos milhares de portugueses. Afinal, onde está a folga orçamental tão propagandeada?
Gostaria de ter ouvido do Primeiro Ministro, como solução para os problemas da sua má governação, o corte na despesa sim, mas noutras áreas, na máquina do Estado, por exemplo:
– A despesa com os governos civis justifica-se? Quanto custa aos portugueses? Qual seria a poupança imediata com o encerramento dum serviço cuja utilização pelo povo é praticamente nula!
E se, em vez de se cortar na despesa impondo mais sacrifícios às famílias, tais como: aumentar impostos, contrariando promessas eleitorais; congelar salários e pensões; reduzir apoios sociais; esquecer as empresas e o tão necessário combate ao desemprego; esquecer a promessa da criação dos 150 mil postos de trabalho, se optasse pela extinção/fusão de organismos do Estado? Por exemplo:
– Fusão de Ministérios:
Ministério da Defesa Nacional com Ministério da Administração Interna; Ministério das Finanças com Ministério da Economia; Ministério da Agricultura com Ministério do Ambiente; Ministério da Educação com Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Que corte na despesa se obteria com menos ministros, secretários de estado, diretores e sub-diretores gerais, assessores, adjuntos e respetiva frota automóvel? Haverá necessidade de se continuar a ir aos bolsos do povo?
Sócrates, merece, de facto, um Óscar por mais este filme, o PEC 4, que o filme realizado pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, é a saga heroica de como um governo em poucos meses consegue rasgar o seu programa eleitoral (no investimento público, no TGV, nos salários, nas reformas, nos apoios sociais) e ao mesmo tempo garantir aos portugueses que os impostos não subiriam.
Finalmente, o Primeiro Ministro, no seu estilo, tentou dar uma de patriotismo. Que ele, José Sócrates, defende os interesses do país, por isso vai aos bolsos dos portugueses, quem não aceitar, na sua ótica, não é patriota. Ao que o país chegou! O povo, como sempre, saberá dar a resposta.
Francisco Moreira, deputado municipal da Covilhã eleito pelo PSD