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O pai da química moderna I

Mitocôndrias e Quasares

Atualmente, John Dalton é considerado o pai da teoria atómica moderna. Contudo, Dalton não foi o primeiro a propor que toda a matéria é composta por partículas designadas por átomos. Por exemplo, Isaac Newton publicou artigos que indicavam a sua convição no conceito de átomo. O que é que fez com que a teoria de Dalton tivesse tanto significado na história da química?

Um fator importante é que a teoria de Dalton estava firmemente baseada nos resultados das experiências científicas. As primeiras teorias atómicas baseavam-se mais em argumentos e especulações filosóficas do que em provas experimentais. As ideias de Dalton acerca da estrutura da matéria resultaram do seu interesse pelo tempo e pela composição atmosférica (conservou registos diários do tempo durante 57 anos), o que o conduziu a investigar propriedades físicas e químicas dos gases. Todos os dados sobre Dalton concluem que ele era um experimentalista muito mau, mas felizmente tinha também os resultados de outros bastante hábeis no laboratório. De facto, muitos dos dados nos quais Dalton baseou a lei das proporções múltiplas (que afirmam que a massa de um elemento, em cada composto, que se combina com uma dada massa de um segundo elemento estão sempre numa razão de números inteiros pequenos) já existiam na literatura, pelos menos 15 anos antes de ter publicado a sua teoria. A capacidade de Dalton em reconhecer e interpretar relações entre resultados experimentais foi um dos seus grandes sucessos. Usando a lei de Proust da composição constante, a lei de Lavoisier da conservação da massa e a sua própria lei das proporções múltiplas, Dalton lançou as ideias principais da sua teoria atómica. Estas ideias ajudaram a explicar muitos dos resultados experimentais que tinham sido acumulados e encorajaram outros a realizar experiências para testar a sua validade. Em 1808, no mesmo ano em que Dalton publicou uma explicação muito mais detalhada atómica, o trabalho experimental de Thomas Thomson e William Hyde Wollaston forneceu a confirmação da lei das proporções múltiplas aumentando assim a aceitação geral da teoria de Dalton.

Dalton deu também ênfase ao uso de auxiliares visuais para ajudar a explicar a sua teoria. Visto que imaginava um átomo como sendo uma esfera indivisível muito pequena, era lógico que utilizasse círculos para a representação dos átomos. Cada elemento era representado por um círculo dum tipo específico, sendo cada um atribuído a um átomo individual. Os seus símbolos para os compostos são muito semelhantes aos que usamos hoje para as fórmulas estruturais. Mais uma vez, Dalton não foi o primeiro a usar símbolos para representar os elementos – os alquimistas já usavam símbolos há centenas de anos. A inovação introduzida por Dalton era que cada símbolo representava um atómo individual de um elemento.

O fator mais importante para a aceitação do trabalho de Dalton foi, provavelmente, a sua utilização de medições quantitativas de massa para descrever reações químicas. Dalton acreditava que todos os átomos de um dado elemento tinham o mesmo tamanho e peso, enquanto que os átomos de elementos diferentes tinham pesos diferentes. A explicação de Dalton das leis da composição de constante e das proporções múltiplas implicava certamente que os elementos tinham estas características. Dalton sentiu que era extremamente importante determinar experimentalmente o peso atómico de cada elemento. Obviamente que uma medição direta era impossível, mas pensou que os pesos relativos poderiam ser determinados a partir dos resultados publicados sobre a composição de substâncias tais como a água e os óxidos de carbono.

Por: António Costa

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