Impressionou-me a história do pai que para tirar a loja ao filho recorreu ao tribunal e depois a decisão da justiça, em seu favor, levou à ordem de despejo. O filho entretanto a viver o divórcio e agora a perda do negócio, resolve tudo de um gesto tresloucado. Vem a filha, entra pela sala e grita:
– Oh mãe o pai está pendurado.
Baloiça a vida dele terminada, baloiça a mulher separada, baloiça o pai das discussões passadas e agora sofrem todos a brutalidade da dor que não passa. A menina um dia esquece, breve. A mulher um dia deixará de se culpar, o pai viverá com o filho no cinto. Foi a luta estúpida dos dois que o levou. E valia assim tanto o negócio? e tinha tanta importância a loja que os afastou? Talvez os euros, ou a intolerância, ou talvez só a teimosia. De tudo sobra um filho morto e uma agonia. Jaz morto o filho de sua mãe. Quem lhe dirá a ela que o marido e pai ganhou a contenda no tribunal? e quem lhe dirá que o filho morreu? E perceberão toda a desventura de uma batalha vã? Esta dor é igual para todos? Estas realidades são vividas de modo igual em mentes tão distantes?
A mãe zebra sofre a sua morte na boca do leão!
Agora chegam acusações, chega a pena, chega a culpa e enche-se o terreno da dor de ódio, choro e loucura. A todos o tempo dará conforto e a ele um lugar algures enquanto o corpo arrefece no chão. E nada disto tem remédio e nada disto trata o médico.
Por: Diogo Cabrita