A cidade esquece, com frequência, muitos dos cidadãos que, à sua maneira, a serviram, valorizaram e divulgaram; gente simples, desinteressada, pouco dada às luzes da ribalta mas com uma enorme afeição pela Guarda.
Alguns assumiram-se como observadores atentos da realidade citadina, captando diversificados momentos do quotidiano para memória futura, desta terra que precisa de afirmar a sua identidade e conquistar o futuro.
Viriato Louro foi um olhar curioso sobre a cidade; com a sua morte (há alguns anos atrás, em dezembro) não foi apenas o fotógrafo profissional que partiu mas também um defensor incondicional da Guarda; terra que ele gostava de fixar através das suas objetivas, quer em múltiplos eventos, quer nos gestos simples das pessoas ou nos traços das ruas e monumentos.
Homem simples, de contacto fácil, protagonista de muitas estórias, Viriato Louro foi um colaborador permanente da imprensa regional, sobretudo antes da afirmação da fotografia digital e da conquista das redações pelas novas tecnologias de informação.
A sua disponibilidade era constante, tendo ilustrado muitos textos com as suas fotografias; noutros casos, por iniciativa própria, funcionando como autêntico repórter-fotográfico, confrontava os responsáveis editoriais com registos irrecusáveis e de elevado sentido de oportunidade, vertendo na imagem a confirmação da sua potencialidade em palavras. Como contrapartida apenas queria a identificação das fotos, o que, aliás, era um direito inalienável.
O gosto pela fotografia, a colaboração desinteressada com a imprensa regional (que ajudou a valorizar), a paixão por esta zona do interior onde desenvolveu – em mais do que uma localidade – a sua profissão, eram impressões que emergiam logo num primeiro contacto com Viriato Louro.
Observador discreto, ao longo dos anos captou, para a posteridade, milhares de imagens, sob ângulos ou objetivos diversos, em contextos diferenciados ou atos, irrepetíveis, marcantes na vida da Guarda e do seu distrito.
Daí que salvaguardar e divulgar o seu legado seja uma forma de perpetuar a sua memória, de o homenagear e igualmente contribuir para a preservação de documentos fotográficos com significativo interesse, sob diversos pontos de vista, para a história da região.
É um ato de justiça para com o homem e o fotógrafo.
Por: Hélder Sequeira