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O novo Hospital e os jogos políticos

Crónica Política

De entre as poucas notícias que vamos tendo sobre o “novo” Hospital da Guarda, destaca-se a decisão da Assembleia Municipal da Guarda, que votou por maioria a realização de um referendo para que os munícipes se pronunciem quanto à sua futura localização.

Parece-me uma decisão acertada, pois não só é intrinsecamente democrática, como responsabilizará, qualquer que seja o seu resultado, todos os partidos e forças políticas pela sua execução, esvaziando alguns tipos de argumentos que têm conotado as distintas alternativas de localização, com esta ou aquela força política.

Não obstante, receio que este referendo tarde ou nunca se venha a realizar, pois invocam-se sempre questões prévias a resolver, tais como saber se é legal, quem o paga, qual a formulação da pergunta aos eleitores, etc.etc..

Esta minha suspeição tem por base a constatação de que a não concretização do novo ou velho Hospital, dará sempre um bom argumento para os maiores partidos, PS e PSD, utilizarem nas próximas campanhas, em especial as autárquicas.

Assim para o PS, tal facto será sempre uma arma de arremesso para este Governo e em especial para o PSD e sua líder Distrital, como potencial candidata à autarquia.

Para o PSD, esta lógica joga-se ao contrário, desta forma a culpada será sempre a autarquia e como tal o PS, por não ter comprado o terreno do Torrão.

Neste folhetim, infelizmente, o Ministério da Saúde pouco tem acrescentado, e provavelmente pouco ou nada irá acrescentar de futuro.

Entretanto, a famigerada retoma económica não só tarda em surgir, e pior ainda, está agora ensombrada com a ameaça de um novo choque petrolífero, o que, para um país como Portugal, grandemente dependente do petróleo, terá consequência em especial no que se refere a novos investimentos, neles incluindo o tal “novo” Hospital.

Enquanto tudo isto se passa, o actual Hospital, continua de forma regular a dar conta das suas fragilidades, aos mais variados níveis.

Assim quando não é a pediatria, são problemas na obstetrícia, ou nos cuidados intensivos, ou na cozinha, ou entre a Administração e o corpo clínico, ou, sabe-se lá o quê que ainda estará para vir.

Para todos aqueles que, militantes partidários, têm a graça de acreditar piamente tanto no PS, como no PSD, este problema ficará, no futuro, seguramente resolvido, ou, caso tal não aconteça, reforçarão a convicção de, em contrapartida, ganhar as próximas eleições para a autarquia, penalizando desta forma os “outros”.

Então e para aqueles que não têm a graça de militar ou acreditar nos partidos atrás referidos e que são afectos a outras forças políticas, ou pura e simplesmente não se enquadram em qualquer organização partidária, qual é o projecto de Hospital que se lhes oferece? Aqueles que não têm cunhas ou conhecimentos, qual é a expectativa de amanhã serem tratados na Guarda ?

Será que esta política serve o cidadão?

Será isto a defesa do interesse colectivo?

Que políticos temos nós???

Por: Álvaro Estêvão

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