O Montepio Geral

Um banco que em seis meses se lança à conquista de dois outros é um leão. Repare-se que o Montepio Geral nascido em 1840, de facto uma IPSS na sua génese, ou melhor uma Casa da Misericórdia nada Santa, adquiriu o Finibanco cuja origem remonta a 1989, data da fundação da sua antecessora, a Finindústria – Sociedade de Investimentos e Financiamento Industrial, SA. Mas não comprou uma força em crescimento, adquiriu um banco falido. O Montepio Geral não perguntou nada aos associados, aos que lá depositam confiança, sobretudo na segurança e na consolidação das contas. O Montepio Geral avançou agora para a compra do BPN com uma proposta de licitação entre as três possíveis. Mas o BPN é uma força? O BPN acarreta alguma mais-valia para o Montepio Geral? O BPN que conhecemos é um buraco financeiro onde o Estado enterrou milhares de milhões e provavelmente não tem sequer bens para cobrir aquilo que deve. António Tomás Correia, banqueiro que atualmente gere o Montepio e utiliza aquelas linguagens que me assustam como rácio core tier 1 (que mede a proporção de capitais próprios face aos ativos ponderados pelo risco) e que defende estas aquisições, é hoje a face de uma Instituição a dar passos que nós sócios dominamos mal. De facto, ver o nosso dinheiro ser usado em ações de risco contraria os princípios de segurança e de confiança que nos levam a associar ao Montepio Geral. Este pelicano não leva a família no bico, leva dinheiros para comprar um banco falido e um buraco financeiro quando o jogo é extremamente pouco confiável. Um Estado descapitalizado não garante benefícios a quem se endivida. Este Montepio pode adquirir para vender a retalho, pode comprar para aumentar capacidade de ação, mas uma estrutura falida não acarreta confiança e não introduz credibilidade. A compra do BPN cheira-me a desemprego aos funcionários da Instituição, reconheço-lhe riscos desproporcionais, cheira-me a emigrante a comprar palácio de velhos nobres, colocar-lhe paredes rosas e depois ver como o teto lhe cai. E se consultasse os associados? E se esclarecesse os que ali depositam suas poupanças? E se optasse por melhorar as ofertas aos associados? O Montepio a lançar-se ao pescoço do BPN cheirou-me a pele queimada.

Por: Diogo Cabrita